Membros da Frente Nacional Britânica (NF) entraram em confronto com manifestantes anti-NF em Lewisham, Londres, resultando em 214 prisões e pelo menos 111 feridos.

A Frente Nacional (NF) é um partido político de extrema-direita no Reino Unido, amplamente caracterizado como fascista ou neofascista por cientistas políticos. Desde a sua fundação, a NF tem sido uma presença controversa no panorama político britânico, embora com um impacto eleitoral limitado. Atualmente, o partido é liderado por Tony Martin, mantendo uma existência marginal na política do Reino Unido.

Apesar de seu longo histórico, a Frente Nacional nunca conseguiu eleger representantes para os parlamentos britânico ou europeu. No entanto, em certos momentos, obteve um pequeno número de conselheiros locais, principalmente através de deserções de outros partidos ou, ocasionalmente, elegendo alguns dos seus representantes para conselhos comunitários. Este padrão de sucesso limitado a nível local, em contraste com a ausência total a nível nacional, sublinha a sua natureza como um partido menor, mas persistente, no espectro político radical.

Origens e Fundação

A Frente Nacional foi estabelecida em 1967, num período de significativas mudanças sociais e tensões raciais no Reino Unido. Foi o resultado de uma fusão entre a Liga dos Legalistas do Império (League of Empire Loyalists) de A. K. Chesterton e o Partido Nacional Britânico (British National Party). Chesterton, uma figura notória com um passado ligado à União Britânica de Fascistas de Oswald Mosley, trouxe consigo uma experiência significativa no movimento de extrema-direita britânico. Pouco depois de sua criação, o Movimento da Grã-Bretanha (Greater Britain Movement) juntou-se à Frente Nacional, e seu líder, John Tyndall, ascendeu à presidência da Frente em 1972.

O Apogeu e a Estratégia de John Tyndall

Sob a liderança carismática de John Tyndall, a Frente Nacional capitalizou as crescentes preocupações em torno da migração do sul da Ásia para a Grã-Bretanha durante a década de 1970. Este período foi marcado por tensões socioeconómicas e debates acalorados sobre a imigração, que a NF explorou astutamente. O partido rapidamente aumentou sua base de membros e sua participação em votos em áreas urbanas, particularmente no leste de Londres e no norte da Inglaterra, regiões onde as preocupações com a imigração e o impacto social eram mais proeminentes. Foi durante este período, em meados da década de 1970, que a Frente Nacional atingiu o auge do seu apoio eleitoral, tornando-se brevemente o quarto maior partido da Inglaterra em termos de participação de votos, um feito notável para uma organização de extrema-direita.

O perfil público da Frente Nacional foi ampliado através de uma estratégia de marchas de rua e comícios, que, no entanto, frequentemente resultavam em confrontos violentos com manifestantes antifascistas. Estes eventos não só chamaram a atenção da mídia, mas também expuseram a face mais radical e combativa do partido. Exemplos notórios dessa violência incluem os distúrbios da Praça do Leão Vermelho (Red Lion Square) de 1974 e, mais significativamente, a Batalha de Lewisham de 1977, que se tornou um marco na história dos confrontos políticos no Reino Unido.

Declínio e Divisões Internas

O sucesso relativo da Frente Nacional nos anos 70 começou a erodir no início dos anos 80. Em 1982, John Tyndall, uma figura central no apogeu do partido, deixou a Frente Nacional para formar um novo Partido Nacional Britânico (BNP). Esta deserção teve um impacto devastador na NF, com muitos dos seus membros a seguirem Tyndall para o BNP, contribuindo para um declínio substancial no apoio eleitoral da Frente Nacional. Esta fragmentação não só enfraqueceu o partido em termos de membros e recursos, mas também minou a sua coesão ideológica.

A década de 1980 viu a Frente Nacional dividir-se em duas facções distintas: o "Flag NF" (Frente Nacional da Bandeira) e o "NF Oficial" (Frente Nacional Oficial). O Flag NF procurou manter a ideologia mais antiga e tradicional do partido, enquanto o NF Oficial adotou uma postura conhecida como "Terceira Posição", uma ideologia que rejeita tanto o capitalismo quanto o comunismo, muitas vezes associada a elementos fascistas e nacionalistas revolucionários. Esta divisão aprofundou as crises internas do partido, e o NF Oficial acabou por se separar em 1990. Em 1995, a liderança do Flag NF tentou transformar o partido nos Democratas Nacionais, numa tentativa de modernizar a sua imagem e ampliar o seu apelo. No entanto, um pequeno grupo dissidente optou por manter o nome original da Frente Nacional, assegurando a continuidade da marca, ainda que numa escala muito reduzida.

Ideologia e Plataforma Política

Ideologicamente, a Frente Nacional está firmemente posicionada na extrema-direita ou extrema-direita radical da política britânica. O partido tem sido consistentemente caracterizado como fascista ou neofascista por académicos e analistas políticos. Ao longo da sua história, diferentes fações dominaram o partido em momentos distintos, cada uma com as suas próprias tendências ideológicas, incluindo neonazistas, strasseristas (uma corrente do nazismo que enfatiza o socialismo e o anticapitalismo) e populistas raciais. Apesar destas variações, certas crenças fundamentais permaneceram como pilares da sua plataforma.

Estrutura, Apoio e Oposição

A Frente Nacional, à semelhança de outros grupos de extrema-direita, impõe restrições rigorosas à sua adesão, permitindo apenas a entrada de pessoas brancas. No seu auge, a maior parte do seu apoio veio da classe trabalhadora branca britânica e de comunidades de classe média baixa no norte da Inglaterra e no leste de Londres, regiões historicamente ligadas a tensões industriais e demográficas. O partido estabeleceu subgrupos para ampliar o seu alcance, incluindo uma associação sindical, um grupo de jovens e a organização musical "Rock Against Communism", que promoveu bandas de música branca nacionalista.

Ao longo da sua história, a Frente Nacional gerou uma oposição vocal e robusta de grupos de esquerda e antifascistas, que se manifestaram consistentemente contra as suas marchas e ideologias. Como consequência das suas posições extremistas, os membros da NF são, em muitos casos, proibidos de exercer diversas profissões, especialmente em setores públicos ou sensíveis, dada a sua ideologia de ódio e discriminação. Apesar de ser um partido menor, a Frente Nacional, juntamente com o BNP, tem sido o grupo de extrema-direita de maior sucesso na política britânica desde a Segunda Guerra Mundial, o que sublinha a persistência de ideologias radicais no Reino Unido.

A Batalha de Lewisham (1977): Um Evento Marcante

A Batalha de Lewisham, que ocorreu em 13 de agosto de 1977, é um dos episódios mais conhecidos e violentos da história da Frente Nacional e do movimento antifascista no Reino Unido. Naquele dia, cerca de 500 membros da Frente Nacional tentaram marchar de New Cross para Lewisham, no sudeste de Londres, num claro desafio às comunidades locais e aos ativistas antifascistas. No entanto, foram confrontados por contra-manifestações massivas, envolvendo aproximadamente 4.000 pessoas, incluindo uma coligação diversificada de grupos comunitários, ativistas de esquerda e antifascistas. Este encontro inevitavelmente levou a confrontos violentos e generalizados entre os dois grupos, bem como entre os manifestantes anti-NF e a polícia.

Para gerir a situação, 5.000 polícias foram mobilizados, um número que reflete a seriedade e a escala dos distúrbios. A violência foi intensa, resultando em ferimentos para 56 polícias, 11 dos quais necessitaram de hospitalização. No total, 214 pessoas foram presas. Os distúrbios subsequentes no centro da cidade de Lewisham foram notáveis por outro motivo histórico: marcaram o primeiro uso de escudos de choque pela polícia no continente do Reino Unido, uma medida que destacou a gravidade da situação e a intensidade da resistência antifascista. A Batalha de Lewisham tornou-se um símbolo da determinação em resistir ao avanço da extrema-direita e um exemplo do preço da militância política na Grã-Bretanha.

Perguntas Frequentes (FAQs)

O que é a Frente Nacional (NF)?
A Frente Nacional (NF) é um partido político de extrema-direita no Reino Unido, amplamente classificado como fascista ou neofascista. Defende políticas nacionalistas étnicas, de supremacia branca, anti-imigração e antissemitas.
Quem é o atual líder da NF?
Atualmente, a Frente Nacional é liderada por Tony Martin.
Quando e como a NF foi fundada?
A NF foi fundada em 1967 por A. K. Chesterton, através da fusão da sua Liga dos Legalistas do Império com o Partido Nacional Britânico, e posteriormente juntou-se ao Movimento da Grã-Bretanha.
Qual foi o período de maior sucesso eleitoral da NF?
A Frente Nacional atingiu o auge do seu apoio eleitoral em meados da década de 1970, tornando-se brevemente o quarto maior partido da Inglaterra em termos de participação de votos, principalmente no leste de Londres e no norte de Inglaterra.
Quais são as principais ideologias da Frente Nacional?
As principais ideologias incluem nacionalismo étnico (apenas brancos como cidadãos), supremacia branca, racismo biológico, teoria da conspiração do genocídio branco, separatismo racial global, antissemitismo, negação do Holocausto, protecionismo económico, duro euroceticismo e oposição ao feminismo, direitos LGBT e à permissividade social.
A Frente Nacional já teve representantes eleitos para o Parlamento do Reino Unido?
Não, a Frente Nacional nunca teve representantes eleitos para os parlamentos britânico ou europeu, embora tenha conquistado um pequeno número de conselheiros locais e representantes em conselhos comunitários.
O que foi a Batalha de Lewisham?
A Batalha de Lewisham foi um confronto violento ocorrido em 13 de agosto de 1977, quando cerca de 500 membros da Frente Nacional tentaram marchar de New Cross para Lewisham e foram confrontados por aproximadamente 4.000 contra-manifestantes e 5.000 polícias. Resultou em numerosos feridos e prisões, e marcou o primeiro uso de escudos de choque pela polícia no Reino Unido continental.