O presidente dos EUA, John Quincy Adams, assina a Tarifa de 1828 em lei, protegendo os fabricantes de lã nos Estados Unidos.

John Quincy Adams, nascido em 11 de julho de 1767 e falecido em 23 de fevereiro de 1848, foi uma figura proeminente na história americana, atuando como estadista, diplomata, advogado e diarista. Sua carreira multifacetada o levou a servir como o 6º Presidente dos Estados Unidos, de 1825 a 1829, e como o 8º Secretário de Estado, entre 1817 e 1825. Ao longo de sua notável trajetória diplomática e política, Adams também representou Massachusetts como embaixador em diversas nações europeias e como membro tanto do Senado quanto da Câmara dos Representantes dos EUA. Ele era o filho mais velho de John Adams, o segundo presidente americano (1797-1801), e da respeitada Primeira-Dama Abigail Adams. Embora inicialmente alinhado com o Partido Federalista, assim como seu pai, Adams ascendeu à presidência como membro do Partido Democrata-Republicano e, em meados da década de 1830, consolidou sua afiliação ao emergente Partido Whig.

Nascido em Braintree, Massachusetts – uma área que hoje faz parte da cidade de Quincy – John Quincy Adams passou grande parte de sua juventude na Europa, acompanhando seu pai em suas missões diplomáticas. Essa exposição precoce à política e à cultura internacional moldaria profundamente sua visão de mundo e suas habilidades. Após seu retorno aos Estados Unidos, Adams estabeleceu uma próspera prática jurídica em Boston. Seu talento e dedicação não passaram despercebidos; em 1794, o então Presidente George Washington o nomeou embaixador dos EUA na Holanda, marcando o início de uma longa e distinta carreira diplomática em postos de alto escalão, que se estendeu até 1801, quando Thomas Jefferson assumiu a presidência. O cenário político em Massachusetts o trouxe de volta ao serviço público, com líderes federalistas orquestrando sua eleição para o Senado dos Estados Unidos em 1802. Contudo, Adams demonstrou uma independência notável, divergindo do Partido Federalista em questões cruciais de política externa, o que, infelizmente, custou-lhe a reeleição. A despeito de suas divergências partidárias anteriores, em 1809, o Presidente James Madison, um democrata-republicano, reconheceu o valor de Adams, nomeando-o embaixador dos EUA na Rússia. Adams continuaria a desempenhar papéis diplomáticos cruciais durante toda a presidência de Madison, inclusive participando da delegação americana que negociou o Tratado de Ghent, que selou o fim da Guerra de 1812.

Em 1817, a competência inegável de Adams foi novamente reconhecida, desta vez pelo Presidente James Monroe, que o escolheu para o prestigiado cargo de Secretário de Estado. Nessa função de grande influência, Adams negociou o histórico Tratado Adams-Onís, que resultou na aquisição americana da Flórida, consolidando as fronteiras do país ao sul. Além disso, ele teve um papel fundamental na formulação da Doutrina Monroe, um princípio que se tornaria um pilar inabalável da política externa dos EUA, definindo a postura americana em relação à intervenção europeia nas Américas. Seu intelecto e contribuições foram amplamente celebrados, levando à sua eleição como membro da American Philosophical Society na Filadélfia em 1818. A eleição presidencial de 1824 foi um momento de grande turbulência política, com Adams, Andrew Jackson, William H. Crawford e Henry Clay – todos membros do Partido Democrata-Republicano – competindo acirradamente. Como nenhum dos candidatos obteve a maioria absoluta dos votos eleitorais, a decisão recaiu sobre a Câmara dos Representantes. Adams saiu vitorioso com o apoio crucial do presidente da Câmara, Henry Clay, a quem, de forma controversa, Adams nomearia posteriormente como seu próprio Secretário de Estado – um evento que ficaria conhecido como o "Acordo Corrupto" e geraria acusações persistentes de barganha política. Como presidente, Adams propôs uma agenda ambiciosa, que incluía projetos de infraestrutura financiados pelo governo federal, a criação de uma universidade nacional e uma maior colaboração com os países da América Latina. Contudo, seu programa enfrentou forte resistência no Congresso, que se recusou a aprovar muitas de suas iniciativas. Durante sua presidência, o Partido Democrata-Republicano se fragmentou em duas grandes facções: o Partido Nacional Republicano, que apoiava Adams, e o Partido Democrata, liderado por Andrew Jackson. Os democratas demonstraram ser organizadores políticos mais eficazes do que Adams e seus partidários nacional-republicanos, culminando na derrota de Adams para Jackson na eleição presidencial de 1828. Com essa perda, John Quincy Adams tornou-se o segundo presidente, depois de seu próprio pai, a não conseguir a reeleição.

Longe de se retirar da vida pública, John Quincy Adams fez um retorno inédito e significativo. Ele foi eleito para a Câmara dos Representantes, onde serviria de 1831 até sua morte em 1848, tornando-se o único ex-presidente a ser eleito para a Câmara baixa do Congresso. Após perder por pouco as candidaturas para governador de Massachusetts e para reeleição ao Senado, Adams uniu-se ao Partido Anti-Maçônico no início da década de 1830, antes de se filiar ao Partido Whig, que congregava aqueles que se opunham ao Presidente Jackson. Durante seu tempo no Congresso, Adams tornou-se um crítico cada vez mais vocal e fervoroso da escravidão e dos líderes sulistas, a quem ele creditava controlar o Partido Democrata. Sua oposição foi particularmente veemente contra a anexação do Texas e a Guerra Mexicano-Americana, eventos que ele percebia como esforços velados para expandir a escravidão e, por consequência, o poder político do Sul sobre o Congresso. Uma de suas maiores conquistas nesse período foi a liderança na revogação da controversa "regra da mordaça", que impedia a Câmara dos Representantes de debater petições para a abolição da escravidão, um marco na luta contra essa instituição. Historiadores e acadêmicos geralmente concordam que John Quincy Adams foi um dos maiores diplomatas e Secretários de Estado na história americana. No entanto, sua presidência é frequentemente classificada como mediana, devido à sua agenda ambiciosa, mas à sua incapacidade de obter a aprovação do Congresso para a maior parte de suas propostas.

A Tarifa de 1828: Um Ponto de Viragem e a "Tarifa das Abominações"

A Tarifa de 1828, também tristemente conhecida como "Tarifa das Abominações", foi uma lei de proteção alfandegária extremamente elevada que entrou em vigor nos Estados Unidos em maio de 1828. Originalmente, a intenção por trás do projeto de lei era paradoxalmente fazê-lo falhar no Congresso, pois se previa que seus termos seriam prejudiciais tanto para certos setores da indústria quanto para a agricultura. Contudo, para surpresa e consternação de muitos, o projeto de lei foi aprovado, desencadeando uma série de repercussões políticas e econômicas de longo alcance. Essa tarifa foi veementemente denunciada no Sul do país, onde seus efeitos foram mais severamente sentidos, escalando a tensão a ponto de ameaçar uma guerra civil durante a Crise da Nulificação de 1832-1833. Felizmente, a tarifa seria substituída em 1833, e a crise subsequente se dissipou.

Os detratores sulistas apelidaram-na de "Tarifa das Abominações" devido aos seus profundos e negativos impactos na economia do Sul. A legislação impunha um imposto de 38% sobre certos bens importados e um imposto ainda maior de 45% sobre certas matérias-primas importadas. O objetivo principal dessa tarifa era proteger as manufaturas emergentes nos estados do Nordeste, que estavam lutando contra a concorrência de itens manufaturados britânicos de baixo custo. Ao taxar fortemente as importações da Europa, esperava-se que os produtos domésticos se tornassem mais competitivos. No entanto, os sulistas do "Cinturão do Algodão", especialmente os da Carolina do Sul, sentiram-se diretamente prejudicados. Eles eram grandes consumidores de bens manufaturados europeus e agora teriam que pagar significativamente mais por essas importações. Além do custo direto, argumentava-se que o Sul seria indiretamente prejudicado: com a redução das exportações de produtos britânicos para os EUA, seria mais difícil para a Grã-Bretanha acumular os fundos necessários para pagar pelo algodão que importava do Sul americano. Essa cadeia de eventos econômicos e a percepção de uma política que favorecia uma região em detrimento de outra alimentaram a reação intensa no Sul, culminando na já mencionada Crise da Nulificação, um dos episódios mais perigosos de desunião pré-Guerra Civil na história americana.

Perguntas Frequentes (FAQs) sobre John Quincy Adams e a Tarifa de 1828

Quem foi John Quincy Adams?
John Quincy Adams foi um proeminente estadista americano que serviu como o 6º Presidente dos Estados Unidos, Secretário de Estado, diplomata, senador e membro da Câmara dos Representantes. Ele era filho do segundo presidente americano, John Adams, e é lembrado por sua vasta experiência e contribuições diplomáticas.
Qual foi o papel de John Quincy Adams na Doutrina Monroe?
Como Secretário de Estado de James Monroe, Adams desempenhou um papel crucial na formulação da Doutrina Monroe em 1823. Ele ajudou a articular a política que alertava as potências europeias contra a colonização ou intervenção em assuntos das nações americanas independentes, estabelecendo um princípio fundamental da política externa dos EUA.
Por que a eleição presidencial de 1824 foi tão controversa?
A eleição de 1824 foi controversa porque nenhum candidato obteve a maioria dos votos eleitorais, levando a decisão para a Câmara dos Representantes. John Quincy Adams foi eleito com o apoio de Henry Clay, que posteriormente foi nomeado Secretário de Estado de Adams, levantando acusações de um "Acordo Corrupto" por parte dos apoiadores de Andrew Jackson.
O que John Quincy Adams fez após sua presidência?
Ao contrário da maioria dos ex-presidentes, Adams não se aposentou. Ele foi eleito para a Câmara dos Representantes em 1830 e serviu até sua morte em 1848, tornando-se o único ex-presidente a fazê-lo. Nesse período, ele se tornou um fervoroso defensor da abolição da escravidão e liderou a revogação da "regra da mordaça".
O que foi a Tarifa de 1828 e por que era chamada de "Tarifa das Abominações"?
A Tarifa de 1828 foi uma lei de proteção alfandegária nos EUA que impunha impostos muito altos sobre produtos importados. Foi apelidada de "Tarifa das Abominações" pelos seus detratores no Sul porque prejudicava severamente a economia sulista, que dependia da importação de bens manufaturados europeus e temia uma retaliação britânica que afetaria suas exportações de algodão.
Qual a relação entre a Tarifa de 1828 e a Crise da Nulificação?
A Tarifa de 1828 foi a causa direta da Crise da Nulificação de 1832-1833. A oposição do Sul à tarifa, liderada pela Carolina do Sul, culminou na declaração de que a tarifa era inconstitucional e, portanto, nula e sem efeito dentro de suas fronteiras estaduais, gerando uma séria ameaça à união federal antes de ser resolvida por um compromisso legislativo.