Mais de cinco meses após o pouso em Marte, a NASA declara que a missão Phoenix foi concluída depois que as comunicações com o módulo de pouso foram perdidas.
Marte, o quarto planeta a partir do Sol, cativa a imaginação humana há séculos. Este mundo vizinho é o segundo menor planeta do nosso Sistema Solar, superando em tamanho apenas o diminuto Mercúrio. Seu nome, em inglês, remete ao poderoso deus romano da guerra, uma designação que se encaixa perfeitamente com sua aparência no céu noturno. Marte é carinhosamente apelidado de "Planeta Vermelho", um cognome que descreve vividamente a tonalidade característica de sua superfície. Essa cor marcante é o resultado direto da vasta presença de óxido de ferro – essencialmente ferrugem – que confere ao planeta essa coloração avermelhada tão peculiar e impressionante. Enquanto um planeta terrestre, semelhante à Terra, Marte possui uma atmosfera notavelmente mais fina. Sua superfície, no entanto, é um espetáculo de paisagens diversas e intrigantes, moldadas por crateras de impacto que contam a história de colisões cósmicas, vastos vales que serpenteiam por seu terreno, dunas que dançam ao sabor dos ventos marcianos e imponentes calotas polares.
Características Notáveis e Suas Luas
Marte é um planeta de extremos e maravilhas geológicas. Ele abriga o Olympus Mons, que não é apenas o maior vulcão de Marte, mas também a montanha mais alta conhecida em todo o Sistema Solar. Para colocar em perspectiva, sua altura colossal faria o Monte Everest da Terra parecer um morro. Outra característica impressionante é o Valles Marineris, um sistema de cânions tão vasto que se estenderia por grande parte do continente americano se estivesse na Terra, sendo um dos maiores do Sistema Solar. No hemisfério norte marciano, encontramos a colossal bacia Borealis, uma depressão suave que cobre incríveis 40% da superfície do planeta e é teorizada como sendo o resultado de um impacto gigante ocorrido há bilhões de anos. Em sua órbita, Marte é acompanhado por duas pequenas luas, Fobos e Deimos. Diferente da Lua terrestre, estas são luas de formato irregular, que se assemelham mais a asteroides capturados. Curiosamente, a duração dos dias e a sucessão das estações em Marte são bastante comparáveis às da Terra. Essa similaridade se deve ao fato de ambos os planetas possuírem um período de rotação semelhante e uma inclinação do eixo rotacional em relação ao plano da eclíptica que favorece a ocorrência de estações, embora com durações e intensidades distintas.
A Jornada Humana para o Planeta Vermelho: Exploração e a Busca por Vida
Marte tem sido um foco central para a exploração espacial não tripulada, com incontáveis missões dedicadas a desvendar seus mistérios. A aventura pioneira começou com a Mariner 4, uma sonda lançada pela NASA em 28 de novembro de 1964, que fez história ao ser a primeira nave espacial a visitar Marte. Sua maior aproximação ocorreu em 15 de julho de 1965, fornecendo à humanidade um novo olhar sobre o nosso vizinho. Entre suas descobertas, a Mariner 4 detectou um fraco cinturão de radiação marciana, significativamente menor que o da Terra (cerca de 0,1%), e mais notavelmente, capturou as primeiras imagens de outro planeta a partir do espaço profundo, revelando uma superfície coberta por crateras que mudou nossa percepção sobre Marte. Mais tarde, em 1976, a sonda Viking 1 da NASA nos trouxe as primeiras imagens diretamente da superfície marciana, oferecendo uma perspectiva sem precedentes de seu terreno.
A exploração evoluiu com o tempo, e a capacidade de pousar e operar rovers na superfície de Marte marcou um novo capítulo. Os Estados Unidos foram pioneiros nesta área, implantando o Sojourner em 1997, um pequeno mas revolucionário veículo explorador. Mais recentemente, a China também se juntou a este seleto grupo de nações exploradoras, enviando com sucesso o rover Zhurong em 2021. Estas missões e muitas outras continuam a impulsionar nossa compreensão do planeta.
A Busca Incansável por Água e Vida
Um dos maiores motivadores da exploração marciana é a persistente questão da vida além da Terra. Investigações estão ativamente em andamento para avaliar a habitabilidade passada de Marte, um período em que as condições podem ter sido mais favoráveis, e a possibilidade de vida existente hoje, talvez em nichos subterrâneos. A comunidade científica tem grandes expectativas para missões de astrobiologia, como o planejado rover Rosalind Franklin da Agência Espacial Europeia, que buscará bioassinaturas e evidências de vida passada ou presente. A presença de água, um ingrediente essencial para a vida como a conhecemos, é um ponto chave. Atualmente, a água líquida não pode subsistir na superfície de Marte devido à sua extremamente baixa pressão atmosférica, que é inferior a 1% da pressão atmosférica terrestre. Sob tais condições, a água líquida sublimaria rapidamente. No entanto, o gelo de água é abundante; ambas as calotas polares de Marte são compostas principalmente por gelo de água, sugerindo um vasto reservatório desse recurso vital.
Observando Marte da Terra
Marte não é apenas um objeto de estudo para sondas espaciais; ele é também um espetáculo acessível para observadores na Terra. Curiosamente, pode ser facilmente visto a olho nu, destacando-se no firmamento noturno com sua inconfundível coloração avermelhada. Sua magnitude aparente pode atingir um impressionante -2,94, tornando-o um dos objetos mais brilhantes no céu, superado apenas pela brilhante Vênus, pela nossa Lua e, claro, pelo Sol. Isso significa que, em certas épocas, Marte brilha mais intensamente do que a maioria das estrelas. No entanto, quando tentamos observar detalhes finos de Marte através de telescópios ópticos terrestres, enfrentamos um desafio: a atmosfera da Terra. Nossa própria atmosfera turbulenta limita a capacidade desses telescópios de resolver características na superfície marciana a um diâmetro de cerca de 300 quilômetros (aproximadamente 190 milhas), mesmo quando a Terra e Marte estão em suas posições mais próximas. Para uma visão mais nítida e detalhada, dependemos das missões que viajam até o próprio planeta.
A Missão Phoenix: Desvendando o Gelo Marciano
Entre as muitas empreitadas audaciosas em Marte, a missão Phoenix se destaca por suas contribuições únicas. Esta sonda espacial não tripulada realizou um pouso bem-sucedido na superfície marciana em 25 de maio de 2008, marcando um novo capítulo na exploração polar do planeta. A Phoenix operou por notáveis 157 sóis (equivalente a 161 dias terrestres) até 2 de novembro de 2008, concentrando-se em áreas cruciais da pesquisa marciana. Seus instrumentos de ponta foram especificamente projetados para avaliar a habitabilidade local da região de pouso e para investigar a complexa história da água em Marte, especialmente a existência de gelo de água subsuperficial.
A missão Phoenix foi uma parte integrante do inovador Programa Mars Scout da NASA, que visava missões menores e de baixo custo com objetivos científicos específicos. Com um custo total de US$ 420 milhões, incluindo as despesas de lançamento, representou um investimento significativo na nossa busca por conhecimento. O sucesso do programa foi o resultado de uma colaboração multi-agências notável, liderada pelo Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona. O gerenciamento de projetos ficou a cargo do renomado Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. A equipe por trás da Phoenix era verdadeiramente internacional, com parceiros acadêmicos e industriais abrangendo universidades dos Estados Unidos, Canadá, Suíça, Dinamarca, Alemanha e Reino Unido, além de instituições como a própria NASA, a Agência Espacial Canadense, o Instituto Meteorológico Finlandês, a Lockheed Martin Space Systems, a MacDonald Dettwiler & Associates (MDA) e diversas outras empresas. Um fato particularmente notável é que a Phoenix foi a primeira missão da NASA a Marte a ser liderada por uma universidade pública, um testemunho da crescente capacidade da academia na exploração espacial.
O pouso da Phoenix foi um marco, sendo o sexto pouso bem-sucedido da NASA em Marte, após um histórico de sete tentativas, e o primeiro a ser realizado na região polar do planeta. A sonda cumpriu e superou seus objetivos científicos, completando sua missão principal em agosto de 2008. Sua última breve comunicação com a Terra ocorreu em 2 de novembro, quando a energia solar disponível começou a diminuir drasticamente com a chegada do rigoroso inverno marciano. A missão foi oficialmente declarada concluída em 10 de novembro de 2008, após tentativas infrutíferas dos engenheiros de restabelecer o contato. Embora a sonda Mars Odyssey tenha continuado a tentar contatar o módulo de pouso até e após o solstício de verão marciano em 12 de maio de 2010, o JPL finalmente declarou o módulo de pouso como inoperante. Apesar do fim de suas operações, o programa Phoenix foi universalmente considerado um sucesso retumbante, pois completou com êxito todos os experimentos e observações científicas planejados, fornecendo dados cruciais sobre a água e a habitabilidade no polo norte de Marte.
Perguntas Frequentes (FAQs) sobre Marte
- Por que Marte é chamado de "Planeta Vermelho"?
- Marte recebe esse apelido devido à sua coloração avermelhada característica, que é causada pela predominância de óxido de ferro (ferrugem) em sua superfície. É um espetáculo visual que se destaca no céu noturno.
- Qual é o tamanho de Marte em comparação com a Terra?
- Marte é significativamente menor que a Terra. É o segundo menor planeta do Sistema Solar, sendo maior apenas que Mercúrio. Seu diâmetro é aproximadamente metade do diâmetro da Terra.
- Existe água em Marte?
- Sim, existe água em Marte, mas não na forma líquida estável na superfície devido à baixa pressão atmosférica e temperaturas. Grandes quantidades de água estão presentes como gelo nas calotas polares do planeta e também como gelo subsuperficial.
- Marte tem estações do ano como a Terra?
- Sim, Marte experimenta estações do ano semelhantes às da Terra. Isso ocorre porque o planeta possui uma inclinação do eixo rotacional parecida com a do nosso planeta, embora as estações marcianas sejam mais longas e com variações de temperatura mais extremas.
- Já foi encontrada vida em Marte?
- Até o momento, nenhuma evidência definitiva de vida passada ou presente foi encontrada em Marte. No entanto, muitas missões, incluindo o futuro rover Rosalind Franklin, estão ativamente investigando o potencial de habitabilidade passada e a possibilidade de bioassinaturas.
- Quais países enviaram rovers para Marte?
- Até 2021, os Estados Unidos foram o primeiro país a implantar com sucesso rovers em Marte (começando com o Sojourner em 1997), seguido pela China com seu rover Zhurong em 2021.
- Qual foi o objetivo principal da missão Phoenix?
- A missão Phoenix, lançada pela NASA, teve como objetivo principal avaliar a habitabilidade local de sua área de pouso na região polar de Marte e pesquisar a história da água no planeta, especialmente a existência de gelo de água subsuperficial.
- É possível ver Marte da Terra a olho nu?
- Sim, Marte é facilmente visível da Terra a olho nu. Sua coloração avermelhada é distintiva, e ele pode se tornar um dos objetos mais brilhantes no céu noturno, superado apenas por Vênus, a Lua e o Sol em seu pico de brilho.