Segunda Guerra Mundial: Na Batalha de Taranto, a Marinha Real lança o primeiro ataque naval navio a navio totalmente aéreo da história.

A Segunda Guerra Mundial: Uma Catástrofe Global e Suas Consequências

A Segunda Guerra Mundial, frequentemente abreviada como Segunda Guerra ou II Guerra Mundial, foi um conflito de proporções verdadeiramente globais que moldou o século XX de maneira indelével, estendendo-se de 1939 a 1945. Não foi apenas uma guerra entre exércitos, mas sim um embate de ideologias e ambições que arrastou para o seu turbilhão a vasta maioria dos países do planeta, incluindo todas as grandes potências da época. De um lado, formaram-se os Aliados, uma coligação diversificada que incluía potências como o Reino Unido, a França, a União Soviética e os Estados Unidos, lutando pela liberdade e pela defesa contra a agressão. Do outro, as Potências do Eixo, unidas por pactos expansionistas e regimes totalitários, notadamente a Alemanha Nazista, a Itália Fascista e o Império do Japão.

Este foi um conflito classificado como "guerra total", uma modalidade onde a distinção entre recursos civis e militares se desfez completamente. Mais de 100 milhões de pessoas, oriundas de mais de 30 nações, foram diretamente envolvidas, com os principais beligerantes a canalizar todas as suas capacidades económicas, industriais e científicas para o esforço de guerra. A inovação tecnológica, particularmente na aviação, revelou-se crucial, possibilitando bombardeamentos estratégicos a centros populacionais e culminando nos únicos dois usos de armas nucleares na história dos conflitos armados. Tristemente, a Segunda Guerra Mundial permanece como o conflito mais mortífero da história humana, uma chaga na memória coletiva. Estima-se que ceifou entre 70 e 85 milhões de vidas, com uma esmagadora maioria sendo civis. Milhões pereceram em genocídios sistemáticos, como o Holocausto, a perseguição e extermínio de seis milhões de judeus pela Alemanha Nazista, além de fomes devastadoras, massacres brutais e doenças. No rescaldo da derrota das Potências do Eixo, a Alemanha e o Japão foram ocupados por forças aliadas, e tribunais internacionais de crimes de guerra foram estabelecidos para julgar os líderes responsáveis pelas atrocidades cometidas, um passo fundamental para o desenvolvimento do direito internacional humanitário.

Origens e o Início do Conflito

As causas exatas da Segunda Guerra Mundial são objeto de intenso debate historiográfico, refletindo a complexidade do período entre-guerras. Contudo, é inegável que diversos fatores contribuíram para a escalada da tensão global. Entre eles, destacam-se a Segunda Guerra Ítalo-Etíope, que marcou o expansionismo fascista italiano; a Guerra Civil Espanhola, um campo de testes para as novas táticas e armamentos que seriam usados no conflito maior; a Segunda Guerra Sino-Japonesa, onde o Japão imperial buscava dominar a Ásia; os conflitos fronteiriços soviético-japoneses; e, crucialmente, o aumento das tensões europeias decorrentes das condições impostas pelo Tratado de Versalhes após a Primeira Guerra Mundial, que geraram ressentimento e instabilidade na Alemanha.

Geralmente, considera-se que a Segunda Guerra Mundial teve início em 1º de setembro de 1939, quando a Alemanha Nazista, sob a liderança implacável de Adolf Hitler, invadiu a Polônia. Esta ação agressiva levou o Reino Unido e a França a declararem guerra à Alemanha em 3 de setembro, selando o destino da Europa. Curiosamente, antes da invasão, em agosto de 1939, a Alemanha e a União Soviética haviam assinado o Pacto Molotov-Ribbentrop, um acordo de não agressão que incluía cláusulas secretas para a divisão da Polônia e o estabelecimento de suas respectivas "esferas de influência" em países bálticos como Finlândia, Estônia, Letônia e Lituânia, além da Romênia. Do final de 1939 ao início de 1941, através de uma série de campanhas militares rápidas e tratados diplomáticos, a Alemanha conquistou ou controlou grande parte da Europa continental, solidificando a aliança do Eixo com a Itália e o Japão (com outros países aderindo mais tarde, alguns de forma relutante). Após o início das campanhas no norte e leste da África, e a queda dramática da França em meados de 1940, a guerra continuou principalmente entre as potências europeias do Eixo e o Império Britânico, travada nos Bálcãs, nos céus na Batalha da Grã-Bretanha, durante os bombardeamentos da Blitz sobre o Reino Unido e nas águas gélidas da Batalha do Atlântico. Um ponto de virada crucial no cenário europeu ocorreu em 22 de junho de 1941, quando a Alemanha, liderando as potências do Eixo, lançou uma invasão massiva à União Soviética, a Operação Barbarossa, abrindo a Frente Oriental, que se tornaria o maior teatro de guerra terrestre da história, marcado por combates de uma brutalidade sem precedentes.

A Globalização do Conflito e os Pontos de Virada

No Oriente, o Japão, impulsionado por sua visão de uma "Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental", já estava em guerra com a República da China desde 1937, buscando dominar a região da Ásia e do Pacífico. No entanto, o conflito se globalizou verdadeiramente em dezembro de 1941, quando o Japão lançou ataques quase simultâneos contra territórios americanos e britânicos no Sudeste Asiático e no Pacífico Central, incluindo o ataque surpresa à Frota dos EUA em Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro. Este ato ousado precipitou a declaração de guerra dos Estados Unidos contra o Japão. Em solidariedade ao seu aliado, as potências europeias do Eixo declararam guerra aos Estados Unidos, expandindo o conflito a uma escala verdadeiramente mundial.

O Japão rapidamente capturou grande parte do Pacífico ocidental, com vitórias esmagadoras no início da guerra, mas seus avanços imparáveis foram contidos em 1942 após a crítica Batalha de Midway, um confronto naval decisivo que reverteu o curso da guerra no Pacífico. No cenário europeu e africano, a sorte do Eixo também começou a mudar. A Alemanha e a Itália foram derrotadas no Norte da África, com o desembarque Aliado na Operação Tocha e a subsequente campanha. Simultaneamente, na Frente Oriental, a Batalha de Stalingrado, uma das mais sangrentas da história, marcou o início da retirada alemã da União Soviética. Contratempos importantes em 1943 – incluindo uma série de derrotas alemãs na Frente Oriental, as invasões aliadas da Sicília e do continente italiano, e ofensivas aliadas no Pacífico – custaram às potências do Eixo sua iniciativa e forçaram-nas a uma retirada estratégica em todas as frentes. Em 1944, os Aliados Ocidentais abriram uma nova frente na Europa com a invasão da França ocupada pelos alemães no Dia D (6 de junho), enquanto a União Soviética, impulsionada por suas vitórias e um gigantesco esforço de guerra, recuperava suas perdas territoriais e avançava em direção à Alemanha e seus aliados do Leste. Durante 1944 e 1945, o Japão sofreu reveses catastróficos na Ásia continental, enquanto os Aliados paralisavam a Marinha Imperial Japonesa e capturavam as principais ilhas do Pacífico ocidental, aproximando-se do arquipélago japonês.

O Fim da Guerra e o Legado

A guerra na Europa teve seu desfecho com a libertação dos territórios ocupados pelos alemães e a invasão da Alemanha tanto pelos aliados ocidentais quanto pela União Soviética. Este avanço culminou com a queda de Berlim para as tropas soviéticas, o suicídio de Adolf Hitler e a rendição incondicional alemã em 8 de maio de 1945, um dia celebrado como o Dia da Vitória na Europa. No entanto, a guerra no Pacífico continuou. Após a Declaração de Potsdam, emitida pelos Aliados em 26 de julho de 1945, que exigia a rendição incondicional do Japão, e a recusa deste em aceitar os termos, os Estados Unidos tomaram uma decisão sem precedentes: lançaram as primeiras bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima, em 6 de agosto, e Nagasaki, em 9 de agosto. Perante a iminente invasão do arquipélago japonês (Operação Olympic), a possibilidade de novos bombardeamentos atómicos e a entrada declarada dos soviéticos na guerra contra o Japão às vésperas da invasão da Manchúria, o Japão anunciou a 15 de agosto a sua intenção de rendição, formalizando-a com a assinatura do documento de rendição em 2 de setembro de 1945. Este ato final cimentou a vitória total dos Aliados e marcou o fim da Segunda Guerra Mundial.

O impacto da Segunda Guerra Mundial foi profundo e transformador, redefinindo o alinhamento político e a estrutura social do globo. Para evitar futuros conflitos de tamanha magnitude e fomentar a cooperação internacional, a Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada, com as grandes potências vitoriosas – China, França, União Soviética, Reino Unido e Estados Unidos – tornando-se membros permanentes do seu Conselho de Segurança, um órgão com poder de veto. No cenário geopolítico, a União Soviética e os Estados Unidos emergiram como superpotências rivais, cada uma com sua esfera de influência e ideologia distintas, preparando o terreno para a Guerra Fria, um período de quase meio século de tensão e corrida armamentista, mas sem conflito direto em larga escala entre os dois blocos. Na esteira da devastação europeia, a influência de suas grandes potências coloniais diminuiu drasticamente, desencadeando um processo generalizado de descolonização na África e na Ásia, que alterou o mapa político mundial. A maioria dos países cujas indústrias foram danificadas avançou, posteriormente, para um período de recuperação e notável expansão económica. A integração política e económica, especialmente na Europa, começou como um esforço consciente para prevenir futuras hostilidades, superar inimizades pré-guerra e forjar um senso de identidade comum e destino partilhado, um ideal que viria a culminar na formação da União Europeia.

A Batalha de Taranto: O Amanhecer da Aviação Naval

Em um episódio que prefigurava a ascensão da aviação naval, a Batalha de Taranto ocorreu na noite de 11 para 12 de novembro de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. Este confronto decisivo teve lugar entre as forças navais britânicas, sob a liderança estratégica do almirante Andrew Cunningham, e as forças navais italianas, comandadas pelo almirante Inigo Campioni. A Marinha Real Britânica, em um movimento audacioso e inovador, lançou o que é reconhecido como o primeiro ataque naval navio-a-navio da história a ser conduzido exclusivamente por aeronaves. Empregando uma frota de 21 bombardeiros torpedeiros biplanos Fairey Swordfish, decolando do porta-aviões HMS Illustrious, a missão foi executada nas águas do Mar Mediterrâneo, tendo como alvo a principal base naval italiana.

O ataque visou a frota de batalha da Marina Regia, ancorada no porto de Taranto, uma baía que, apesar de parecer segura, revelou-se vulnerável a torpedos aéreos, mesmo com a pouca profundidade da água. Adaptando seus torpedos para detonar em águas rasas, os pilotos britânicos surpreenderam a frota italiana, causando danos significativos a vários navios de guerra, incluindo o afundamento de um e a avaria de outros dois. O sucesso espetacular deste ataque não só demonstrou a vulnerabilidade de uma frota ancorada a um ataque aéreo concentrado, mas também augurava a ascendência da aviação naval sobre o poder de fogo dos grandes canhões dos navios de guerra tradicionais. Segundo o próprio almirante Cunningham, um visionário para a época, "Taranto e a noite de 11-12 de novembro de 1940 devem ser lembrados para sempre como tendo mostrado de uma vez por todas que, na Fleet Air Arm [aviação naval], a Marinha tem a sua arma mais devastadora". Esta batalha serviu de inspiração direta para o ataque japonês a Pearl Harbor um ano mais tarde, sublinhando a sua importância estratégica e o seu legado duradouro na doutrina naval.

FAQs (Perguntas Frequentes)

O que foi a Segunda Guerra Mundial?
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a vasta maioria dos países do mundo, divididos em duas grandes alianças: os Aliados e as Potências do Eixo. Foi a guerra mais mortal da história humana, com um impacto profundo na política, sociedade e economia mundial.
Quais foram as principais alianças?
As duas principais alianças foram os Aliados (liderados pelo Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos) e as Potências do Eixo (lideradas pela Alemanha Nazista, Itália Fascista e Império do Japão).
Quando e como começou a Segunda Guerra Mundial?
É amplamente aceito que a guerra começou em 1º de setembro de 1939, quando a Alemanha Nazista invadiu a Polônia, levando o Reino Unido e a França a declararem guerra à Alemanha em 3 de setembro.
Quantas pessoas morreram na Segunda Guerra Mundial?
Estima-se que a Segunda Guerra Mundial resultou em 70 a 85 milhões de mortes, sendo a maioria civis, tornando-se o conflito mais letal da história humana. Milhões pereceram devido a genocídios (como o Holocausto), fome, massacres e doenças.
Quais foram as consequências mais significativas da Segunda Guerra Mundial?
As consequências foram vastas e incluíram a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), a emergência dos EUA e da URSS como superpotências e o início da Guerra Fria, a descolonização da África e da Ásia, e o início da integração política e econômica na Europa.
O que foi a Batalha de Taranto e por que foi importante?
A Batalha de Taranto foi um ataque naval britânico contra a frota italiana ancorada em Taranto, em novembro de 1940, utilizando bombardeiros torpedeiros lançados de um porta-aviões. Foi pioneira ao demonstrar a eficácia da aviação naval contra navios de guerra em porto, influenciando futuras estratégias navais, incluindo o ataque japonês a Pearl Harbor.
Quando e como terminou a Segunda Guerra Mundial?
Na Europa, a guerra terminou em 8 de maio de 1945 com a rendição incondicional da Alemanha. No Pacífico, terminou em 2 de setembro de 1945, após os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki pelos EUA e a declaração de guerra da União Soviética ao Japão, levando à rendição japonesa.