A Igreja Apostólica Armênia, uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo com raízes que remontam ao século I D.C., distingue-se por observar o Natal de Jesus Cristo no dia 6 de janeiro. Esta data singular não é uma escolha arbitrária, mas sim um reflexo de uma tradição milenar que antecede a divisão das celebrações de Natal e Epifania em calendários separados, como é comum na maioria das igrejas ocidentais e em muitas igrejas ortodoxas orientais.

Para a Igreja Armênia, o dia 6 de janeiro é conhecido como Surp Dzununt, ou a Santa Natividade e Teofania. Esta é uma festa combinada que comemora simultaneamente três eventos cruciais da vida de Cristo:

Esta unidade na celebração ressalta a profunda teologia armênia, que vê a vinda de Cristo ao mundo, Sua revelação divina e o início de Seu ministério público como aspectos intrinsecamente ligados de um único mistério divino. A Epifania, etimologicamente do grego "epiphaneia" (revelação, manifestação), é o cerne desta celebração conjunta.

A Profundidade da Epifania e o Batismo de Jesus

O conceito de Epifania é vital. Ele marca o momento em que a divindade de Jesus foi claramente revelada ao mundo. Embora em algumas tradições a Epifania esteja fortemente ligada à visita dos Reis Magos – os primeiros gentios a reconhecerem e adorarem o Cristo recém-nascido, trazendo ouro, incenso e mirra – na Igreja Armênia, o foco principal da revelação divina no dia 6 de janeiro é o Batismo de Jesus. Este evento, narrado nos Evangelhos, é um momento de teofania incontestável.

Quando Jesus foi batizado por João Batista no rio Jordão, testemunhas viram os céus se abrirem, o Espírito Santo descer sobre Ele em forma de pomba, e uma voz celestial proferir: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Este milagre público não apenas assinalou o início do ministério público de Jesus, mas também confirmou Sua identidade divina, revelando-o como o Messias esperado e o Filho de Deus.

Tradição Histórica e Diferenças Calendárias

A prática da Igreja Armênia reflete uma observância que era comum entre os cristãos primitivos até o século IV. Foi apenas mais tarde que a celebração do nascimento de Cristo foi gradualmente separada e fixada em 25 de dezembro no Ocidente, provavelmente para competir com festas pagãs existentes ou para simbolizar "a luz do mundo" em torno do solstício de inverno. Muitas igrejas ortodoxas eslavas, gregas e outras, embora celebrem o Natal em 25 de dezembro, o fazem de acordo com o Calendário Juliano, o que corresponde ao dia 7 de janeiro no Calendário Gregoriano que usamos hoje. A Igreja Apostólica Armênia, no entanto, permaneceu fiel à data original de 6 de janeiro, mantendo a rica interconexão de Natal, Epifania e Batismo de Jesus em uma única e grandiosa celebração.

Perguntas Frequentes sobre o Natal Armênio

Por que a Igreja Armênia celebra o Natal em 6 de janeiro?
A Igreja Apostólica Armênia segue uma tradição cristã antiga, onde o Natal (Nascimento de Jesus), a Epifania (revelação de Sua divindade) e o Batismo de Jesus eram celebrados conjuntamente como uma única festa, a Teofania, em 6 de janeiro. Esta prática foi mantida ao longo dos séculos, diferentemente de outras tradições que separaram as datas.
O que é a Epifania no contexto da Igreja Armênia?
No contexto armênio, a Epifania, celebrada em 6 de janeiro junto com o Natal e o Batismo, foca principalmente na revelação de Jesus como o Filho de Deus durante Seu Batismo no rio Jordão, um momento de manifestação divina clara e pública.
Qual é a diferença entre o Natal Armênio e o Natal em outras igrejas?
A principal diferença é a data e a abrangência da celebração. Enquanto a maioria das igrejas ocidentais e muitas orientais celebram o Natal em 25 de dezembro (ou 7 de janeiro no Calendário Juliano) e a Epifania em 6 de janeiro como festas separadas, a Igreja Armênia une todas essas celebrações em um único dia, 6 de janeiro, sublinhando a interconexão teológica desses eventos.