O dia 25 de janeiro de 2011 é uma data indelével na história contemporânea do Egito e do mundo árabe, marcando o início da Revolução Egípcia, amplamente conhecida como a Revolução de 25 de Janeiro. Este evento não foi um incidente isolado, mas sim uma manifestação poderosa e culminante de décadas de descontentamento popular e um dos marcos mais significativos da chamada Primavera Árabe, uma onda de levantes e protestos que varreu o Norte da África e o Oriente Médio.

A escolha estratégica do dia 25 de janeiro pelos movimentos juvenis e ativistas não foi aleatória. Coincidia com o Feriado da Polícia Nacional no Egito, transformando um dia de celebração para as forças de segurança num palco de protesto direto contra a brutalidade policial endémica e a opressão generalizada que caracterizaram os 30 anos do regime autocrático do Presidente Hosni Mubarak. Durante esse longo período, a Lei de Emergência esteve em vigor quase que continuamente, permitindo prisões arbitrárias, tortura e a supressão de qualquer forma de dissidência, criando um clima de medo e injustiça social.

Naquele dia monumental, milhões de cidadãos egípcios, transcendendo barreiras de idade, género, classe social e origem regional, afluíram às ruas em diversas cidades do país, com destaque para o Cairo. Num ato de coragem coletiva, eles ergueram suas vozes em demonstrações inicialmente pacíficas, mas carregadas de uma determinação inabalável. Suas demandas eram multifacetadas e ecoavam um profundo anseio por dignidade: exigiam o restabelecimento e respeito pelos seus direitos civis e liberdades fundamentais, como a liberdade de expressão e de reunião; clamavam por melhores condições económicas, incluindo salários justos e oportunidades de emprego para uma população jovem cada vez mais frustrada; e, acima de tudo, pedia-se a imediata renúncia do Presidente Hosni Mubarak e o desmantelamento de todo o seu aparelho governamental, que era visto como corrupto e opressor.

A intensidade das manifestações rapidamente escalou, transformando-se em revoltas e greves nacionais que paralisaram o país. O coração pulsante da Revolução Egípcia emergiu na Praça Tahrir, no Cairo, que se tornou o epicentro e o símbolo da resistência popular. Durante 18 dias consecutivos, a praça foi ocupada por uma maré de manifestantes, que ali estabeleceram um acampamento permanente, uma comunidade autogerida que refletia a aspiração por uma sociedade livre e justa. Este foi um período de extraordinária solidariedade e criatividade, onde cidadãos comuns se uniram num objetivo comum, desafiando abertamente o poder estabelecido.

A resposta do regime foi brutal e implacável. Forças policiais e militares entraram em conflito violento com os manifestantes, usando gás lacrimogéneo, balas de borracha e, em muitos casos, munição real. O governo também tentou sufocar a organização e a comunicação dos ativistas cortando as comunicações de internet e telemóvel em todo o país, uma tentativa desesperada de isolar os protestos. No entanto, a resiliência dos manifestantes prevaleceu. A repressão estatal resultou num custo humano devastador: estatísticas de organizações de direitos humanos apontam para a morte de mais de 846 pessoas, com pelo menos 6.000 feridos e aproximadamente 12.000 presos, muitos dos quais submetidos a tortura. Em meio à escalada da violência e à fúria pela repressão governamental, alguns manifestantes, como um ato de retaliação e de profunda frustração, incendiaram esquadras de polícia, símbolos da brutalidade que tanto combatiam. A ocupação da Praça Tahrir e a pressão incessante, apesar da violência, levaram ao clímax da revolução com a renúncia de Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, marcando o fim de uma era.

Perguntas Frequentes sobre a Revolução Egípcia de 2011

O que foi a Revolução de 25 de Janeiro?
A Revolução de 25 de Janeiro foi um levante popular massivo no Egito que começou em 2011, exigindo o fim do regime autoritário do Presidente Hosni Mubarak, bem como a implementação de reformas democráticas, sociais e económicas. Foi um dos principais eventos da Primavera Árabe.
Por que o dia 25 de janeiro foi escolhido para o início dos protestos?
O dia 25 de janeiro foi escolhido simbolicamente pelos jovens ativistas porque coincidia com o Feriado da Polícia Nacional. Esta escolha visava protestar diretamente contra a brutalidade policial generalizada e a repressão do regime de Mubarak, que eram fontes primárias de descontentamento popular.
Quais eram as principais demandas dos manifestantes na Praça Tahrir?
Os manifestantes exigiam direitos civis e liberdades, o fim da Lei de Emergência, maiores salários e melhoria das condições de vida, combate à corrupção governamental, e a renúncia imediata do Presidente Hosni Mubarak e de sua base de governo.
Qual foi o papel da Praça Tahrir na Revolução?
A Praça Tahrir, no Cairo, tornou-se o epicentro e o símbolo da Revolução Egípcia. Foi ocupada por manifestantes durante 18 dias, funcionando como um ponto de reunião central, um acampamento de protesto e um símbolo da unidade e determinação popular.
Qual foi o resultado imediato da Revolução de 25 de Janeiro?
O resultado imediato da Revolução foi a renúncia do Presidente Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, após 18 dias de protestos ininterruptos, atendendo à principal demanda dos manifestantes.