A história de Arthur Lucas, um homem originário do estado norte-americano da Geórgia, está intrinsecamente ligada a um marco sombrio na justiça canadense: ele foi uma das duas últimas pessoas a serem executadas no Canadá. A data, 11 de dezembro de 1962, permanece um lembrete vívido da era da pena capital no país, um período que se aproximava do seu fim. Lucas foi condenado por um crime brutal que chocou Toronto, deixando para trás um rasto de violência e questões persistentes.
Os Crimes e as Evidências
O crime pelo qual Arthur Lucas foi condenado ocorreu em Toronto, na província de Ontário, em 17 de novembro de 1961. As vítimas foram Therland Crater, de 44 anos, um traficante de drogas que também atuava como informante policial, e Carolyn Ann Newman, de 20 anos, esposa de Crater. As circunstâncias dos assassinatos eram particularmente hediondas: Crater foi baleado quatro vezes, e sua esposa, Newman, sofreu uma violência extrema, sendo quase decapitada.
A investigação policial reuniu uma série de evidências que ligaram Lucas aos assassinatos. Um anel pertencente a Lucas foi encontrado numa poça de sangue de Newman, um detalhe crucial no local do crime. No momento de sua prisão, observou-se que Lucas havia cortado as unhas recentemente, e traços de sangue foram descobertos sob uma delas, sugerindo uma tentativa de remover vestígios incriminatórios. Além disso, vestígios de pólvora foram encontrados incrustados na sua mão, indicando o manuseio de uma arma de fogo. Para completar o quadro, manchas de sangue encontradas no carro de Lucas foram compatíveis com os tipos sanguíneos de Crater e Newman, consolidando a prova contra ele. Embora Lucas tenha sido fortemente suspeito do assassinato de Carolyn Ann Newman, ele nunca foi formalmente julgado pela sua morte, focando-se a condenação no assassinato de Therland Crater.
O Contexto da Pena Capital no Canadá
Arthur Lucas foi executado na prisão de Toronto, popularmente conhecida como "Don Jail", por enforcamento. Ele não estava sozinho; Ronald Turpin, um canadense condenado pelo assassinato de um guarda prisional, foi executado ao seu lado. O enforcamento era a única forma de pena capital civil utilizada no Canadá pós-confederação, embora as forças armadas canadenses pudessem empregar a execução por pelotão de fuzilamento para crimes militares graves. A execução de Lucas e Turpin não marcou apenas o fim de suas vidas, mas também um ponto de viragem na história legal e social do Canadá.
A pena capital por assassinato foi removida do Código Penal do Canadá em 1976, após um longo e acalorado debate nacional sobre a moralidade e eficácia da execução como forma de punição. Contudo, a Lei de Defesa Nacional ainda previa a possibilidade de execução para certos crimes militares em tempos de guerra até 1998, quando foi finalmente eliminada de todas as leis canadenses, tornando o Canadá um país totalmente abolicionista da pena de morte.
A Execução: Detalhes Chocantes e Últimas Palavras
O capelão Cyrill Everitt testemunhou o duplo enforcamento e, anos mais tarde, em 1986, pouco antes de sua própria morte, revelou detalhes perturbadores sobre a execução de Arthur Lucas. Segundo Everitt, a cabeça de Lucas foi "arrancada" durante a queda, pois o carrasco, supostamente, calculou mal o peso do homem e o comprimento da corda. A descrição chocante indicava que a cabeça de Lucas ficou "pendurada apenas pelos tendões do pescoço". Este incidente macabro serviu como um poderoso argumento para os defensores da abolição da pena capital, evidenciando não apenas a brutalidade inerente ao método, mas também a sua falibilidade humana e a dignidade violada do condenado.
Apesar das evidências e da condenação, Arthur Lucas manteve a sua inocência em relação aos assassinatos pelos quais foi executado. No entanto, em seus momentos finais, ele expressou uma resignação surpreendente. Disse ao capelão Everitt que estava em paz com o seu castigo, confessando que havia cometido muitas coisas terríveis em sua vida e que, finalmente, "isso o estava alcançando". Essa declaração ambígua adicionou uma camada de complexidade ao seu caso, deixando um legado de mistério e debate.
Perguntas Frequentes (FAQs)
- Quem foi Arthur Lucas?
- Arthur Lucas foi um cidadão norte-americano, originário da Geórgia, que se tornou uma das duas últimas pessoas a serem executadas no Canadá, em 11 de dezembro de 1962, condenado pelo assassinato de Therland Crater.
- Por que Arthur Lucas foi executado?
- Ele foi condenado pelo brutal assassinato de Therland Crater, um traficante e informante policial, em Toronto, em 1961. Também era suspeito do assassinato da esposa de Crater, Carolyn Ann Newman, mas nunca foi julgado por essa morte.
- Quem foi Ronald Turpin?
- Ronald Turpin foi o outro condenado executado ao lado de Arthur Lucas na "Don Jail". Ele era um canadense condenado pelo assassinato de um guarda prisional.
- Qual a importância do caso Lucas e Turpin na história canadense?
- As execuções de Lucas e Turpin são historicamente significativas por marcarem as últimas vezes que a pena capital civil foi aplicada no Canadá. Elas ocorreram num período de intenso debate que eventualmente levou à abolição da pena de morte no país.
- Quando a pena capital foi abolida no Canadá?
- A pena capital para assassinato foi abolida do Código Penal do Canadá em 1976. Contudo, ela permaneceu teoricamente possível sob a Lei de Defesa Nacional para crimes militares em tempos de guerra até ser completamente removida em 1998.
- Qual método de execução era usado no Canadá?
- O método de execução civil no Canadá era o enforcamento. As forças armadas, em casos específicos, poderiam usar o pelotão de fuzilamento.
- Houve alguma controvérsia na execução de Arthur Lucas?
- Sim, o capelão Cyrill Everitt revelou que a execução de Lucas foi mal calculada, resultando na sua cabeça sendo "arrancada" e pendurada apenas pelos tendões do pescoço, um evento chocante que alimentou o debate sobre a abolição da pena capital.

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