Rodrigo Roa Duterte: Uma Carreira Marcada por Controvérsia e Transformação nas Filipinas
Rodrigo Roa Duterte, carinhosamente conhecido por apelidos como Digong, Rody, ou pelas iniciais PRRD, é uma figura política filipina cuja trajetória tem sido tão influente quanto polarizadora. Nascido em 28 de março de 1945, ele se tornou o 16º presidente das Filipinas, assumindo o cargo em 2016 e liderando a nação como o chefe do PDP-Laban, o partido político dominante no arquipélago. Sua ascensão à presidência marcou diversos marcos históricos para o país, incluindo ser o primeiro presidente oriundo da ilha de Mindanao e o mais idoso a iniciar um mandato, aos 71 anos, superando o recorde anterior de Sergio Osmeña, que tinha 65 anos.
O Início da Jornada Política e a Ascensão em Davao
A história de Duterte começa em Maasin, Leyte, uma localidade que hoje faz parte de Southern Leyte. Contudo, ainda na infância, sua família mudou-se para Davao, onde seu pai, Vicente Duterte, desempenharia um papel significativo como governador provincial, plantando as sementes do engajamento político familiar. A formação acadêmica de Duterte o levou a estudar ciência política no Lyceum da Universidade das Filipinas, onde se graduou em 1968. Posteriormente, ele obteve seu diploma em Direito pela San Beda College of Law em 1972, preparando-o para uma carreira no sistema jurídico.
Sua jornada profissional começou como advogado, culminando na função de promotor da cidade de Davao. Este período no sistema judicial de Davao pavimentou o caminho para sua entrada na política executiva. Após a Revolução do Poder Popular de 1986, um evento crucial na história filipina que restaurou a democracia, Duterte ascendeu rapidamente, tornando-se vice-prefeito e, posteriormente, prefeito da cidade. Ele governaria Davao por mais de 22 anos ao longo de sete mandatos, um testemunho de sua popularidade local e de sua capacidade de gestão.
A Presidência: Políticas, Desafios e Relações Internacionais
A campanha presidencial de Rodrigo Duterte em 2016 foi caracterizada por uma retórica forte e uma promessa de mudança radical, culminando em uma vitória eleitoral decisiva. Uma vez no cargo, sua política doméstica foi pautada por diversas iniciativas ambiciosas e, muitas vezes, controversas. O ponto central de sua agenda foi a luta contra o tráfico ilegal de drogas, que deu origem à polêmica "guerra às drogas", uma campanha que gerou intensa atenção e críticas internacionais. Além disso, ele focou no combate ao crime e à corrupção, lançou um ambicioso plano de infraestrutura para modernizar o país e propôs uma mudança para um sistema federal de governo, visando descentralizar o poder.
Durante sua presidência, o país testemunhou eventos de grande impacto, como o controverso enterro do ex-ditador Ferdinand Marcos, a prolongada e violenta Batalha de Marawi em 2017, e a complexa resposta do governo à pandemia de COVID-19. No cenário internacional, Duterte declarou a intenção de buscar uma "política externa independente", que se traduziu no fortalecimento das relações com potências como a China e a Rússia, enquanto mantinha uma postura mais crítica em relação aos tradicionais aliados ocidentais.
O Legado Controverso e as Questões de Direitos Humanos
A carreira política de Duterte, embora marcada por um inegável sucesso eleitoral, foi igualmente acompanhada por inúmeras controvérsias e protestos, especialmente no que tange aos direitos humanos. Suas posições políticas foram frequentemente descritas como populistas e nacionalistas. Um aspecto que, para muitos, impulsionou seu sucesso político foi o apoio vocal à execução extrajudicial de usuários de drogas e outros criminosos, uma retórica que ressoou com parcelas da população cansadas da criminalidade.
Duterte confirmou repetidamente ter pessoalmente matado suspeitos de crimes durante seu longo período como prefeito de Davao. As alegações de execuções extrajudiciais supostamente cometidas pelo notório Esquadrão da Morte de Davao, entre 1998 e 2016, enquanto ele era prefeito, foram objeto de rigoroso escrutínio por parte de grupos de direitos humanos e da Ouvidoria das Filipinas. As vítimas eram majoritariamente supostos usuários de drogas, pequenos criminosos e crianças de rua. Em 2018, o Tribunal Penal Internacional (TPI) abriu uma investigação preliminar sobre a "guerra às drogas" de Duterte, levando o presidente a retirar as Filipinas do corpo em resposta. Além disso, um fato notável de sua presidência é que ele foi o único presidente nas Filipinas a não declarar seus ativos e passivos, gerando questionamentos sobre transparência.
Pós-Presidência: Retirada e Reconsiderações
Inicialmente, Duterte anunciou sua intenção de concorrer à vice-presidência nas eleições de 2022. No entanto, em outubro de 2021, ele surpreendeu muitos ao declarar sua aposentadoria da política. A reviravolta continuou quando, em 15 de novembro de 2021, ele apresentou sua candidatura para senador, apenas para retirá-la definitivamente em 14 de dezembro do mesmo ano, marcando o fim de uma era de especulações sobre seu futuro político direto.
A Batalha de Marawi: Um Conflito Urbano Sem Precedentes
O cerco de Marawi, também amplamente conhecido como a crise de Marawi e a Batalha de Marawi, foi um conflito armado de cinco meses que se desenrolou na cidade de Marawi, Filipinas. Este evento trágico, que começou em 23 de maio de 2017, colocou as forças de segurança do governo filipino contra militantes afiliados ao Estado Islâmico (EI), incluindo os grupos jihadistas Maute e Abu Sayyaf Salafi. A intensidade e a duração deste confronto o tornaram a batalha urbana mais longa na história moderna das Filipinas, deixando uma cicatriz profunda na memória da nação.
O Início e a Escalada do Cerco
De acordo com o governo filipino, os confrontos em Marawi tiveram início durante uma ofensiva militar destinada a capturar Isnilon Hapilon, o líder do grupo Abu Sayyaf afiliado ao EI. Relatos indicavam que Hapilon estava na cidade, possivelmente para se encontrar com militantes do grupo Maute. Contudo, o que era para ser uma operação de captura transformou-se em um violento confronto armado. As forças de Hapilon abriram fogo contra as equipes combinadas do Exército e da polícia e rapidamente pediram reforços ao grupo Maute. Este grupo, que havia prometido lealdade ao Estado Islâmico, era também suspeito de ser responsável pelo atentado de 2016 na cidade de Davao, conforme apontado por porta-vozes militares. A chegada de reforços intensificou drasticamente a situação, mergulhando a cidade em um caos sem precedentes.
A Ocupação Militante e as Táticas de Guerra Urbana
Com a escalada do conflito, militantes do grupo Maute não apenas atacaram o acampamento Ranao, mas também ocuparam estrategicamente vários edifícios-chave na cidade, transformando-os em fortificações. Entre os alvos estavam a Prefeitura de Marawi, a Universidade Estadual de Mindanao, um hospital e a cadeia da cidade. A principal rua de Marawi também foi ocupada, e edifícios civis e religiosos foram alvejados e incendiados, incluindo a Catedral de Santa Maria, a Escola Ninoy Aquino e o Dansalan College, este último administrado pela Igreja Unida de Cristo nas Filipinas (UCCP). Além da destruição material, os militantes também fizeram reféns, incluindo um padre e diversos fiéis, adicionando uma dimensão humanitária angustiante ao cerco. As Forças Armadas das Filipinas (AFP) revelaram que alguns dos terroristas eram estrangeiros, que estavam no país há um tempo considerável e ofereciam apoio ao grupo Maute em Marawi, destacando a natureza transnacional da ameaça. O objetivo principal dos militantes era hastear uma bandeira do ISIL no Capitólio da Província de Lanao del Sur e declarar um wilayat, ou território provincial do EI, na região.
O Desfecho do Conflito
Após cinco meses de intensos combates, a maré começou a virar a favor das forças governamentais. Em 17 de outubro de 2017, um dia após a morte dos líderes militantes Omar Maute e Isnilon Hapilon, o presidente Duterte declarou que Marawi estava "liberta da influência terrorista". Esta declaração marcou um ponto de viragem crucial no conflito, sinalizando a derrota da liderança insurgente. Finalmente, em 23 de outubro de 2017, o Secretário de Defesa Delfin Lorenzana anunciou oficialmente que a batalha de cinco meses contra os terroristas em Marawi havia terminado, encerrando um dos capítulos mais sombrios da história recente das Filipinas e iniciando um longo processo de recuperação para a cidade devastada.
Perguntas Frequentes (FAQs)
- Quem é Rodrigo Roa Duterte?
- Rodrigo Roa Duterte, também conhecido como Digong ou Rody, é um político filipino que serviu como o 16º presidente das Filipinas de 2016 a 2022. Ele é conhecido por sua longa carreira como prefeito de Davao e suas políticas populistas e nacionalistas.
- Quais foram as principais políticas domésticas de Duterte como presidente?
- Suas principais políticas domésticas incluíram a controversa "guerra às drogas", o combate ao crime e à corrupção, o lançamento de um plano maciço de infraestrutura e a proposta de mudança para um sistema federal de governo.
- Por que a "guerra às drogas" de Duterte foi controversa?
- A "guerra às drogas" de Duterte foi altamente controversa devido ao grande número de mortes associadas à campanha, muitas das quais foram classificadas como execuções extrajudiciais. Isso gerou fortes críticas de grupos de direitos humanos e uma investigação preliminar pelo Tribunal Penal Internacional.
- Qual a importância da Batalha de Marawi?
- A Batalha de Marawi foi um conflito armado de cinco meses em 2017 e a batalha urbana mais longa na história moderna das Filipinas. Ela destacou a ameaça de grupos afiliados ao Estado Islâmico no sudeste da Ásia e resultou na devastação de grande parte da cidade de Marawi.
- Que grupos estavam envolvidos na Batalha de Marawi?
- O conflito envolveu as forças de segurança do governo filipino contra militantes afiliados ao Estado Islâmico (EI), principalmente os grupos jihadistas Maute e Abu Sayyaf Salafi, liderados por Isnilon Hapilon.
- Como era a política externa de Duterte?
- Duterte buscou uma "política externa independente", o que resultou em um fortalecimento das relações com a China e a Rússia, enquanto sua administração adotou uma postura mais crítica em relação a alguns aliados ocidentais tradicionais.
- Duterte se candidatou a algum cargo após sua presidência?
- Inicialmente, ele anunciou sua candidatura a vice-presidente para as eleições de 2022, mas depois retirou-se da política. Mais tarde, ele apresentou uma candidatura a senador, mas também a retirou antes das eleições.

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