O dia 14 de outubro é uma data profundamente significativa na história do Iêmen, assinalando o Dia da Libertação do Iêmen. Esta celebração comemora o início de uma luta armada decisiva que culminou no fim da prolongada colonização britânica no território do Iêmen do Sul, um evento crucial que redefiniu o destino da nação e a identidade do povo iemenita.

A Presença Britânica no Iêmen do Sul: Uma Perspectiva Histórica

A influência britânica na região do Iêmen começou em 1839 com a captura de Áden, um porto estratégico no Mar Arábico. Inicialmente estabelecida como uma estação de carvão vital para navios a vapor que navegavam entre a Índia e o Reino Unido, Áden transformou-se gradualmente na Colônia de Áden. Ao seu redor, foram estabelecidos protetorados — o Protetorado de Áden Oriental e o Protetorado de Áden Ocidental — onde os britânicos exerciam controle indireto através de acordos com sultões e líderes tribais locais, mantendo o domínio sobre uma área de aproximadamente 285.000 quilômetros quadrados.

Durante décadas, esta configuração permitiu ao Reino Unido manter uma base militar e naval de grande importância geoestratégica, controlando rotas marítimas cruciais no Oceano Índico e no Mar Vermelho, e projetando poder na Península Arábica. No entanto, o domínio britânico foi frequentemente visto como uma imposição estrangeira, gerando um crescente sentimento nacionalista entre o povo iemenita que ansiava por autodeterminação e soberania plena sobre suas terras, inspirados por movimentos anticoloniais que floresciam globalmente.

O Estopim da Revolução: 14 de Outubro de 1963

O 14 de outubro não marca o dia exato da independência final, mas sim o início da Revolução de 14 de Outubro, também conhecida como a Revolta de Radfan ou a Emergência de Áden. Neste dia, em 1963, combatentes iemenitas, motivados por um profundo desejo de liberdade, lançaram uma insurreição armada contra as forças britânicas nas montanhas de Radfan, ao norte de Áden. Este ato de resistência, embora aparentemente localizado, não foi um incidente isolado, mas o ponto de ignição de uma campanha prolongada e violenta que escalou rapidamente, transformando-se num movimento de libertação nacional abrangente.

A revolta foi alimentada por vários fatores, incluindo:

• O descontentamento generalizado com o domínio colonial e a busca por dignidade nacional.
• A aspiração por um governo independente e unificado, livre de influências externas.
• As influências do pan-arabismo e do movimento de descolonização que varriam o mundo árabe e a África, incentivando a luta contra o imperialismo.

A luta armada continuou por vários anos, com grupos nacionalistas como a Frente para a Libertação do Iêmen do Sul Ocupado (FLOSY) e a Frente Nacional de Libertação (NLF) a desempenharem papéis cruciais, muitas vezes travando batalhas ideológicas e militares entre si, enquanto lutavam contra o inimigo comum. A violência intensificou-se, culminando na retirada britânica e na concessão da independência.

A Conquista da Independência e Seus Desdobramentos

O fim oficial do domínio britânico e a proclamação da independência do Iêmen do Sul ocorreram em 30 de novembro de 1967. Naquele dia histórico, foi estabelecida a República Popular do Iêmen do Sul, um estado socialista que se tornaria o único regime marxista-leninista no mundo árabe, buscando forjar uma sociedade baseada em princípios de igualdade social e desenvolvimento autônomo.

A independência do Iêmen do Sul foi um marco, mas também o início de novos desafios. Após décadas de separação e regimes políticos distintos (o Iêmen do Norte era o Reino Mutawakkilita do Iêmen, depois a República Árabe do Iêmen), o Iêmen foi finalmente reunificado em 22 de maio de 1990, formando a República do Iêmen que conhecemos hoje. Esta unificação buscou concretizar o sonho de uma nação iemenita unida, livre e soberana.

Relevância Atual do Dia da Libertação

Embora o Iêmen moderno enfrente complexos desafios internos e externos, incluindo conflitos e crises humanitárias, o Dia da Libertação de 14 de outubro permanece um símbolo poderoso da resiliência do povo iemenita e da sua determinação em forjar o próprio destino. É uma lembrança constante da importância da soberania, da autodeterminação e da luta contínua contra a opressão, ressoando profundamente na consciência nacional como um pilar da identidade e da esperança por um futuro mais pacífico e próspero.

Perguntas Frequentes sobre o Dia da Libertação do Iêmen

Por que o dia 14 de outubro é celebrado como o Dia da Libertação no Iêmen?

Esta data marca o início da Revolução de 14 de Outubro em 1963, que foi uma revolta armada decisiva contra o domínio britânico nas montanhas de Radfan. Embora a independência total tenha sido alcançada mais tarde, em 30 de novembro de 1967, o 14 de outubro é comemorado como o estopim e o marco inicial da luta que levou à libertação do Iêmen do Sul da colonização britânica.

Qual foi a extensão da colonização britânica no Iêmen?

A presença britânica no Iêmen concentrou-se principalmente em Áden, que se tornou uma Colônia Britânica em 1839 devido à sua importância estratégica como porto. Ao seu redor, foram estabelecidos Protetorados de Áden Ocidental e Oriental, onde o controle era exercido indiretamente através de acordos com líderes locais, abrangendo uma vasta área do sul do Iêmen.

Quando o Iêmen do Sul obteve sua independência total?

O Iêmen do Sul obteve sua independência completa do Reino Unido em 30 de novembro de 1967, após anos de conflito e negociações, tornando-se a República Popular do Iêmen do Sul.

O que aconteceu com o Iêmen do Sul após a independência?

Após a independência, o Iêmen do Sul estabeleceu um regime socialista e permaneceu como um estado independente até 1990, quando se unificou com o Iêmen do Norte (a República Árabe do Iêmen) para formar a República do Iêmen que existe hoje. A unificação foi um momento histórico para o povo iemenita.