William Carstares, ministro escocês e acadêmico (m. 1715)

William Carstares (ocasionalmente grafado como Carstaires), nascido em 11 de fevereiro de 1649 e falecido em 28 de dezembro de 1715, foi uma figura notável na história escocesa, combinando os papéis de ministro influente da Igreja da Escócia e de um ativo participante na política Whig. Sua vida foi um testemunho das complexas interações entre fé, poder e lealdade durante um período turbulento de mudanças políticas e religiosas na Grã-Bretanha.

Originário de uma família clerical — seu pai, John Carstares, também era ministro e uma figura proeminente no movimento Covenanter — William foi moldado desde cedo pelos ideais presbiterianos e pelo fervor político que caracterizavam a Escócia do século XVII. Sua educação na Universidade de Edimburgo e posteriormente na Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, não só aprofundou seus conhecimentos teológicos, mas também o expôs a correntes de pensamento político e religioso que seriam cruciais para sua futura carreira.

Um Clérigo no Coração da Mudança

A atuação de Carstares como ministro ia muito além dos púlpitos. Ele viveu em uma era de intensa disputa entre o episcopado (modelo de governo eclesiástico com bispos, apoiado pelos monarcas Stuart) e o presbiterianismo (modelo com conselhos de presbíteros, favorito de muitos escoceses). Sua convicção presbiteriana o levou a um caminho de oposição ao autoritarismo real, especialmente sob Carlos II e Jaime II, que buscavam impor o anglicanismo e o catolicismo romano, respectivamente, sobre a Igreja da Escócia.

Sua coragem e comprometimento não passaram despercebidos. Em 1683, Carstares foi implicado na Conspiração da Casa de Rye (Rye House Plot), um plano para assassinar Carlos II e seu irmão Jaime. Embora não diretamente envolvido no assassinato, ele foi acusado de conspiração e submetido a tortura, incluindo o uso dos "polegares" (thumbikins), uma ferramenta de tortura para esmagar os polegares. Apesar do sofrimento, ele demonstrou notável resiliência, resistindo a revelar informações que pudessem comprometer seus associados. Esse episódio brutal solidificou sua reputação como um homem de princípios e coragem inabaláveis.

A Ascensão na Política Whig e a Ligação com Guilherme de Orange

Após sua libertação e exílio, Carstares encontrou refúgio nos Países Baixos, onde se tornou uma figura de confiança no círculo de Guilherme de Orange. A política Whig, à qual Carstares estava profundamente alinhado, defendia os direitos do Parlamento, a sucessão protestante ao trono e uma monarquia limitada. Esses ideais eram o oposto do absolutismo que os Stuarts tentavam impor e encontraram um campeão em Guilherme.

A relação entre Carstares e Guilherme de Orange foi de imensa importância. Ele não era apenas um capelão, mas um conselheiro político próximo, atuando como um elo vital entre Guilherme e os dissidentes protestantes na Grã-Bretanha. Quando Guilherme de Orange invadiu a Inglaterra em 1688, na Revolução Gloriosa, Carstares o acompanhou. Sua habilidade em negociar e sua profunda compreensão das complexidades políticas e religiosas da Escócia foram cruciais.

Após a ascensão de Guilherme III e Maria II ao trono, Carstares desempenhou um papel fundamental no que ficou conhecido como o "Assentamento Presbiteriano" na Escócia em 1690. Ele trabalhou incansavelmente para garantir que o presbiterianismo fosse estabelecido como a forma oficial de governo da Igreja da Escócia, o que era um desejo de longa data de muitos escoceses e um pilar da identidade nacional. Sua moderação e pragmatismo ajudaram a navegar pelas águas turbulentas das facções e a consolidar a paz religiosa.

Legado e Últimos Anos

A influência de William Carstares não diminuiu após a Revolução Gloriosa. Ele continuou a servir como principal conselheiro de Guilherme III para assuntos escoceses e, posteriormente, para a Rainha Ana. Em 1703, foi nomeado Principal da Universidade de Edimburgo, um cargo que ocupou até sua morte. Nesta posição, ele trabalhou para reformar e revitalizar a universidade, deixando uma marca duradoura na educação escocesa.

Sua morte em 28 de dezembro de 1715 marcou o fim de uma vida dedicada ao serviço público e à Igreja. William Carstares é lembrado como um dos mais importantes mediadores entre a coroa e a Igreja na Escócia, um homem que combinou inteligência política com uma fé inabalável, e cujo trabalho ajudou a moldar a identidade religiosa e política da Escócia moderna.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Quem foi William Carstares?
William Carstares foi um influente ministro da Igreja da Escócia e um ativo participante na política Whig durante os séculos XVII e XVIII. Ele é conhecido por seu papel como conselheiro de Guilherme de Orange (mais tarde Guilherme III) e por sua contribuição para o estabelecimento do presbiterianismo na Escócia.
Qual foi sua principal contribuição para a Igreja da Escócia?
Sua principal contribuição foi seu papel fundamental no "Assentamento Presbiteriano" de 1690, que estabeleceu o presbiterianismo como a forma oficial de governo da Igreja da Escócia após a Revolução Gloriosa.
Como ele se envolveu na política Whig?
Carstares alinhou-se com os ideais Whig de uma monarquia limitada e do poder parlamentar, opondo-se ao absolutismo real. Ele se tornou um conselheiro de confiança de Guilherme de Orange nos Países Baixos, antes da Revolução Gloriosa, e continuou a ser uma figura política influente após a ascensão de Guilherme ao trono.
Ele sofreu perseguição política?
Sim, ele foi implicado na Conspiração da Casa de Rye em 1683, acusado de conspiração contra o rei Carlos II, e foi submetido a tortura, incluindo o uso dos "polegares", antes de ser exilado nos Países Baixos.
Que cargo importante ele ocupou além de ministro?
Além de seu papel como ministro e conselheiro real, William Carstares foi nomeado Principal da Universidade de Edimburgo em 1703, cargo que manteve até sua morte, contribuindo para a reforma educacional.