Sándor Kőrösi Csoma, filólogo húngaro, orientalista e autor (m. 1842)

Sándor Csoma de Kőrös (pronunciado em húngaro como [ˈʃaːndor ˈkøːrøʃi t͡ʃomɒ]), cujo nome de batismo era Sándor Csoma e que adotou o "de Kőrös" em referência à sua cidade natal, foi uma figura extraordinária da Hungria. Nascido na pitoresca Kőrös, no então Grande Principado da Transilvânia (atualmente parte do distrito de Covasna, na Romênia), entre 1784 e 1788 – com 27 de março de 1784 sendo a data mais frequentemente aceita, embora 4 de abril seja muitas vezes erroneamente citado como seu nascimento, sendo na verdade o dia de seu batismo – e falecido a 11 de abril de 1842, Csoma de Kőrös se destacou como um filólogo e orientalista notável. Ele é universalmente celebrado como o autor do primeiro dicionário e gramática tibetano-inglês, obras monumentais que não apenas abriram o Tibete linguístico e culturalmente ao Ocidente, mas também o estabeleceram como o fundador da moderna Tibetologia.

A Busca pelas Origens e o Chamado do Oriente

A motivação para a extraordinária jornada de Sándor Csoma reside nas suas raízes e numa crença profundamente enraizada na sua comunidade. Ele pertencia aos Székelys, um distinto subgrupo étnico dos magiares (húngaros) que habitava a Transilvânia. Os Székelys, conhecidos pela sua história de guardiões de fronteira e pela sua identidade cultural singular, nutriam a crença de que eram descendentes de um ramo dos lendários hunos de Átila, que se teriam estabelecido na Transilvânia no século V. Fascinado por esta alegação ancestral e movido por um profundo desejo de validar e localizar as origens dos Székelys e dos magiares através da análise de parentescos linguísticos, Csoma de Kőrös partiu para a Ásia em 1820. A sua esperança era encontrar o "Urheimat", o lar original, dos povos húngaros no coração da Ásia Central, uma ambição que o levaria muito além dos seus objetivos iniciais.

Pioneirismo na Linguística Tibetana e a Fundação da Tibetologia

A jornada de Csoma pela Ásia foi uma odisseia de dedicação e austeridade. Ao invés de descobrir as origens húngaras esperadas, ele encontrou um novo propósito nas montanhas do Tibete e do Himalaia. Foi aí que ele se imergiu na língua tibetana e na filosofia budista, passando anos em mosteiros remotos, vivendo uma vida de ascetismo e estudo intensivo. A sua notável capacidade linguística – diz-se que conseguia ler em dezassete línguas – foi fundamental para o seu sucesso. Este domínio permitiu-lhe decifrar textos complexos e interagir profundamente com os lamas e eruditos tibetanos. O fruto deste trabalho árduo foi a publicação, em 1834, do seu monumental "Dicionário Tibetano-Inglês" e de uma "Gramática da Língua Tibetana". Estas obras não eram apenas ferramentas linguísticas; eram portas para uma civilização e um conhecimento até então quase inacessíveis ao mundo ocidental. Por essa razão, Sándor Csoma de Kőrös é universalmente reconhecido como o pai fundador da Tibetologia, o estudo sistemático da língua, cultura, história e religião tibetanas.

Reconhecimento, Legado e Fim de Uma Jornada

O impacto do trabalho de Csoma de Kőrös transcendeu fronteiras e culturas. No Tibete, ele foi carinhosamente conhecido como Phi-glin-gi-grwa-pa, que significa "o aluno estrangeiro", um título que reflete o respeito e a admiração dos tibetanos pelo seu compromisso com o estudo da sua cultura. No Japão, a sua profunda dedicação ao budismo e à sabedoria foi reconhecida postumamente em 1933, quando foi declarado um bosatsu ou bodhisattva, um ser iluminado que adiou o seu próprio nirvana para ajudar os outros, simbolizando uma veneração espiritual. A sua vida de pesquisa incansável chegou ao fim em Darjeeling, na Índia Britânica, a 11 de abril de 1842. Ele faleceu enquanto tentava empreender uma ambiciosa viagem a Lhasa, a então "cidade proibida" do Tibete, um testemunho da sua paixão incessante por desvendar os mistérios da Ásia. Em sua homenagem, e em reconhecimento às suas inestimáveis contribuições para o orientalismo, a influente Sociedade Asiática de Bengala ergueu um memorial no local do seu falecimento, assegurando que o legado deste extraordinário erudito húngaro permanecesse vivo para as gerações futuras.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Quem foi Sándor Csoma de Kőrös?
Foi um notável filólogo e orientalista húngaro do século XIX, amplamente reconhecido como o fundador da Tibetologia devido ao seu trabalho pioneiro na compilação do primeiro dicionário e gramática tibetano-inglês.
Qual era a sua principal motivação para viajar para a Ásia?
Inicialmente, Csoma de Kőrös partiu para a Ásia em 1820 impulsionado pela crença de que os Székelys (um subgrupo húngaro ao qual pertencia) eram descendentes dos hunos. Ele esperava encontrar o local de origem dos magiares e Székelys através de estudos linguísticos.
O que é a Tibetologia?
A Tibetologia é o campo de estudo sistemático dedicado à língua, cultura, história, religião e sociedade do Tibete. Csoma de Kőrös é considerado seu fundador por ter estabelecido as bases linguísticas e lexicográficas para esse estudo no Ocidente.
Que reconhecimento recebeu pelo seu trabalho?
No Tibete, ele foi conhecido como Phi-glin-gi-grwa-pa ("o aluno estrangeiro"). Postumamente, em 1933, os japoneses o declararam um bosatsu ou bodhisattva, uma honra espiritual que reconhece a sua profunda dedicação à sabedoria e ao budismo.
Quantas línguas ele dominava?
Sándor Csoma de Kőrös era um poliglota excepcional; diz-se que ele era capaz de ler em dezassete línguas, uma prova da sua dedicação e intelecto.
Onde e quando ele faleceu?
Ele faleceu em Darjeeling, na Índia Britânica, a 11 de abril de 1842, enquanto tentava realizar uma viagem à mística cidade de Lhasa, no Tibete.