Em Marrocos, o Dia da Revolução não é apenas uma data no calendário; é um momento profundamente enraizado na memória coletiva, celebrando a resiliência e a determinação de uma nação. Comemorado anualmente em 20 de agosto, esta data emblemática assinala um evento crucial na luta pela soberania: o triunfal retorno do venerado Sultão (e futuro Rei) Mohammed V ao seu país em 1955.
Este regresso marcou o fim de um período de exílio forçado que começou em agosto de 1953, quando as autoridades coloniais francesas, sob o Protetorado Francês de Marrocos (estabelecido em 1912), decidiram remover o monarca. Considerado um símbolo unificador e uma voz de resistência contra a ocupação estrangeira, Mohammed V, cujo nome completo era Sidi Mohammed ben Youssef, foi inicialmente deportado para a Córsega e, posteriormente, transferido para a longínqua ilha de Madagascar. Esta medida visava quebrar o espírito nacionalista marroquino, mas, paradoxalmente, apenas inflamou ainda mais o desejo de independência entre o povo.
O exílio do Sultão desencadeou uma onda de protestos massivos e um aumento significativo na resistência armada em todo o país, um testemunho do profundo afeto e lealdade que o povo marroquino nutria por seu líder. A ausência de Mohammed V tornou-se um catalisador para a união de diferentes facções nacionalistas, intensificando a pressão sobre a França.
O Regresso Triunfal e o Caminho para a Independência
O ano de 1955 foi decisivo. A crescente instabilidade em Marrocos e a pressão internacional levaram a França a reconsiderar sua política. O retorno de Mohammed V, que desembarcou em solo marroquino em 16 de novembro de 1955 (embora o Dia da Revolução celebre o aniversário do exílio em agosto de 1953 e o posterior retorno vitorioso), foi recebido com uma euforia indescritível por milhões de marroquinos. A multidão, transbordando de alegria e esperança, viu no seu Sultão restaurado o retorno da legitimidade e da própria identidade nacional.
Uma vez reconhecido novamente como o legítimo soberano e líder espiritual da nação, Mohammed V pôde assumir um papel central e inquestionável nas negociações para a independência. A sua presença forte e carismática, aliada à sua visão de um Marrocos livre, foi fundamental para o sucesso das conversações com a França. Estas negociações culminaram, apenas alguns meses depois, em 2 de março de 1956, com a declaração oficial da independência do Reino de Marrocos, pondo fim a 44 anos de protetorado.
Por Que o Dia da Revolução é Tão Significativo?
- Símbolo de Resistência: Comemora a coragem do povo marroquino e do seu líder na luta contra a ocupação.
- Unidade Nacional: Reforça a importância da coesão em momentos de adversidade.
- Reafirmação da Soberania: Celebra o restabelecimento da autoridade legítima do monarca e a independência do Estado.
- Legado de Mohammed V: Homenageia o pai da nação moderna, cujo sacrifício e liderança foram cruciais.
Perguntas Frequentes sobre o Dia da Revolução em Marrocos
- Quando é celebrado o Dia da Revolução em Marrocos?
- É celebrado anualmente em 20 de agosto. Embora o retorno de Mohammed V tenha ocorrido em novembro de 1955, a data de 20 de agosto homenageia o aniversário do início do seu exílio em 1953 e a subsequente revolta popular, que prepararam o terreno para o seu regresso triunfal e a independência.
- Por que Mohammed V foi exilado?
- Mohammed V foi exilado pelas autoridades coloniais francesas em agosto de 1953 porque se recusou a assinar decretos que minariam a soberania marroquina e porque era visto como um catalisador para o movimento nacionalista em crescimento.
- Onde Mohammed V foi exilado?
- Inicialmente, foi exilado para a Córsega, uma ilha francesa no Mediterrâneo, e depois transferido para a ilha de Madagascar, no Oceano Índico.
- Quando Marrocos conquistou a independência?
- Marrocos alcançou a sua plena independência em 2 de março de 1956, após negociações bem-sucedidas que foram largamente facilitadas pelo retorno e pela liderança de Mohammed V.