Margot Fonteyn, bailarina britânica (m. 1991)
Dame Margot Fonteyn, nascida Margaret Evelyn Hookham em 18 de maio de 1919, foi uma das mais celebradas bailarinas inglesas de todos os tempos, uma verdadeira lenda cujo nome ecoa com graça e virtuosismo na história do balé mundial. Sua carreira, integralmente dedicada ao renomado Royal Ballet – que ao longo de sua trajetória foi conhecido como Sadler's Wells Theatre Company e Sadler's Wells Ballet – culminou no raríssimo e distinto título de prima ballerina assoluta, concedido pessoalmente pela Rainha Elizabeth II, um testemunho de sua incomparável arte e contribuição.
A jornada de Fonteyn no mundo da dança começou cedo, aos quatro anos de idade, demonstrando uma paixão e um talento inatos. Sua formação inicial foi diversificada, com estudos na Inglaterra e, posteriormente, na China, para onde seu pai se mudou a trabalho. Em Xangai, ela aprimorou sua técnica sob a tutela de George Goncharov, um encontro que aprofundou seu fascínio pelo balé russo, uma influência que permeou sua abordagem artística.
A Ascensão ao Estrelato e as Parcerias que Moldaram uma Época
Ao retornar a Londres aos 14 anos, o talento de Fonteyn não passou despercebido. Ela foi calorosamente convidada por Ninette de Valois, a visionária fundadora da companhia, a ingressar na prestigiada Vic-Wells Ballet School. Rapidamente, em 1935, ela ascendeu ao posto de primeira bailarina da companhia, sucedendo a grandiosa Alicia Markova. Este período marcou o início de uma colaboração frutífera com o coreógrafo residente da Vic-Wells, Sir Frederick Ashton, que reconheceu e soube extrair o máximo de seu potencial. Ashton criou inúmeros papéis icônicos especificamente para Fonteyn e seu parceiro da época, o talentoso Robert Helpmann, com quem ela dançou intensamente entre as décadas de 1930 e 1940, formando uma dupla memorável que cativou o público.
A Era Pós-Guerra: Consolidação e Reconhecimento Internacional
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o cenário cultural britânico renascia, e em 1946, a companhia, já renomeada Sadler's Wells Ballet, estabeleceu-se em sua nova e magnífica casa: a Royal Opera House em Covent Garden. Neste novo capítulo, Michael Somes emergiu como o parceiro mais frequente de Fonteyn na década seguinte, solidificando ainda mais a reputação da bailarina e da companhia. Sua interpretação da Princesa Aurora em A Bela Adormecida de Tchaikovsky tornou-se um papel emblemático, definindo não apenas sua carreira, mas também a identidade artística da companhia. Contudo, Fonteyn também era amplamente aclamada por suas performances nos balés criados por Ashton, que incluíam obras-primas como Variações Sinfônicas, Cinderela, Daphnis e Chloe, Ondine e Sylvia, cada um deles exibindo sua rara combinação de técnica impecável e profundidade dramática.
Em 1949, Margot Fonteyn liderou a companhia em uma bem-sucedida turnê pelos Estados Unidos, transformando-a numa celebridade internacional e elevando o perfil do balé britânico no cenário mundial. Sua presença transcendeu os palcos: antes e depois da guerra, ela participou de transmissões televisivas de balé na Grã-Bretanha e, no início dos anos 1950, fez aparições notáveis no popular programa The Ed Sullivan Show nos Estados Unidos. Essas incursões na mídia foram cruciais para popularizar a dança e apresentá-la a um público muito mais amplo. Em 1955, casou-se com o político panamenho Roberto Arias e, no mesmo ano, apareceu em uma produção colorida ao vivo de A Bela Adormecida, transmitida pela NBC. Três anos depois, em 1958, ela e Somes dançaram para a adaptação televisiva da BBC de O Quebra-Nozes, consolidando sua imagem como uma figura pública e acessível.
Devido à sua aclamação global e à crescente demanda por suas aparições como artista convidada em palcos ao redor do mundo, o Royal Ballet concedeu a Fonteyn a liberdade de se tornar uma bailarina freelancer em 1959, um privilégio que refletia sua estatura única no universo da dança.
A Parceria Lendária: Fonteyn e Nureyev
Em 1961, enquanto Margot Fonteyn já considerava a aposentadoria, o mundo do balé foi eletrizado pela notícia da deserção de Rudolf Nureyev do Kirov Ballet durante uma apresentação em Paris. Este evento fortuito deu início a uma das mais icônicas e lendárias parcerias da história da dança. Apesar da considerável diferença de idade de 19 anos entre eles – o que inicialmente a deixou relutante –, Fonteyn finalmente aceitou ser sua parceira. A estreia de ambos com o Royal Ballet, em Giselle, em 21 de fevereiro de 1962, foi um marco inesquecível. A química e a intensidade no palco foram imediatas, transformando-os em uma sensação internacional. Cada um parecia impulsionar o outro a atingir novos patamares de excelência artística, criando performances eletrizantes que combinavam a maturidade e a graça etérea de Fonteyn com a paixão ardente e a técnica explosiva de Nureyev.
Eles se tornaram mundialmente conhecidos por suas interpretações magistrais de balés clássicos, incluindo o vibrante Le Corsaire Pas de Deux, a poesia de Les Sylphides, a grandiosidade de La Bayadère, a profundidade dramática de Lago dos Cisnes e a elegância de Raymonda, em que Nureyev frequentemente adaptava a coreografia para realçar os talentos singulares de ambos. A magia de sua parceria também inspirou novas criações: eles estrearam Marguerite e Armand de Frederick Ashton, um balé coreografado especificamente para eles, capturando a essência de sua colaboração. Suas atuações nos papéis-título de Romeu e Julieta de Sir Kenneth MacMillan também foram particularmente notáveis, aprofundando a narrativa com uma emoção e veracidade raramente vistas.
Desafios Pessoais e os Anos Finais de uma Carreira Brilhante
O brilho da carreira de Fonteyn, no entanto, foi confrontado por uma tragédia pessoal. No ano seguinte à sua icônica estreia com Nureyev, em 1963, seu marido, Roberto Arias, foi baleado durante uma tentativa de assassinato e ficou tetraplégico, exigindo cuidados constantes e dedicados pelo resto de sua vida. Este evento adicionou uma camada de resiliência à sua já notável carreira, com Fonteyn continuando a dançar para ajudar a sustentar as despesas médicas de seu marido.
Em 1972, Margot Fonteyn entrou em semi-aposentadoria, embora continuasse a presentear o público com suas performances periodicamente até o final daquela década. Sua despedida oficial dos palcos, embora gradual, foi marcada por uma profunda gratidão e celebração. Em 1979, o Royal Ballet a homenageou de forma grandiosa, oficializando seu status como prima ballerina assoluta da companhia, um reconhecimento que solidificou seu lugar no panteão da dança. Após sua aposentadoria definitiva, ela se mudou para o Panamá, onde se dedicou a uma vida mais tranquila, escrevendo livros, criando gado e, principalmente, ao cuidado do amado marido. Margot Fonteyn faleceu de câncer de ovário em 21 de fevereiro de 1991, precisamente 29 anos após sua lendária estreia com Rudolf Nureyev em Giselle, deixando um legado imortal de arte, paixão e dedicação.
Perguntas Frequentes (FAQs) sobre Margot Fonteyn
- Quem foi Margot Fonteyn?
- Margot Fonteyn foi uma lendária bailarina inglesa, amplamente considerada uma das maiores da história, conhecida por sua graça, técnica e expressividade. Ela foi nomeada prima ballerina assoluta pela Rainha Elizabeth II.
- Com qual companhia de balé ela dançou?
- Ela passou toda a sua carreira com o Royal Ballet, que ao longo do tempo foi conhecido como Sadler's Wells Theatre Company e Sadler's Wells Ballet.
- Quem foram seus parceiros de dança mais famosos?
- Inicialmente, Robert Helpmann e depois Michael Somes. No entanto, sua parceria mais célebre e icônica foi com Rudolf Nureyev, que começou em 1962.
- Quais foram alguns de seus papéis mais icônicos?
- Sua interpretação da Princesa Aurora em A Bela Adormecida foi um papel marcante. Ela também foi aclamada por balés criados por Frederick Ashton, como Variações Sinfônicas, Cinderela, Ondine, e por suas performances com Nureyev em Giselle, Lago dos Cisnes e Romeu e Julieta.
- Qual foi a importância de sua parceria com Rudolf Nureyev?
- A parceria com Nureyev revitalizou a carreira de Fonteyn e a de Nureyev, criando uma dinâmica única e eletrizante que elevou ambos a um status lendário. Juntos, eles redefiniram a dança clássica para uma geração.
- Ela se apresentou na televisão?
- Sim, Margot Fonteyn foi pioneira na aparição de bailarinos na televisão, participando de transmissões na Grã-Bretanha e em programas americanos como The Ed Sullivan Show, o que ajudou a popularizar o balé para um público mais amplo.
- O que significa ser uma "prima ballerina assoluta"?
- É um título honorífico e muito raro, geralmente concedido apenas a bailarinas de excepcional talento e significado que alcançaram o auge da arte do balé, reconhecendo sua contribuição singular à forma de arte. Fonteyn foi uma das poucas a receber este título.
- Onde ela passou seus últimos anos?
- Após a aposentadoria, ela viveu no Panamá, dedicando-se à escrita, à criação de gado e, principalmente, ao cuidado de seu marido, Roberto Arias, que havia ficado tetraplégico.