O submarino movido a energia nuclear USS Scorpion afunda com 99 homens a bordo, 400 milhas a sudoeste dos Açores.

Um submarino, frequentemente referido apenas como "sub", é uma embarcação extraordinária, projetada para operar de forma totalmente independente sob a superfície da água. Sua capacidade de navegação subaquática contínua o distingue de um submersível, que, embora também opere debaixo d'água, possui capacidades mais limitadas em termos de alcance, duração e independência, geralmente necessitando de um navio de apoio para lançamento e recuperação.

Historicamente ou em contextos mais informais, o termo "submarino" pode ser empregado de maneira mais ampla, englobando veículos operados remotamente (ROVs) e robôs autônomos subaquáticos (AUVs), bem como embarcações de menor porte como os submarinos anões e os "submarinos molhados", que expõem seus ocupantes diretamente à água ou exigem que eles usem equipamento de mergulho.

Curiosamente, no jargão naval, os submarinos são invariavelmente chamados de "barcos", e não "navios", independentemente de seu tamanho colossal ou de sua complexidade. Essa tradição remonta aos primeiros dias da guerra submarina, quando as primeiras embarcações eram de fato pequenas e limitadas, sendo carinhosamente referidas como "barcos" por suas tripulações, uma prática que perdura até hoje como um distintivo de honra e identidade.

Embora protótipos experimentais tenham surgido em séculos anteriores – como o célebre Turtle americano da Guerra da Independência ou o CSS Hunley da Guerra Civil Americana – o verdadeiro desenvolvimento dos submarinos como armas viáveis decolou no século XIX. Com o avanço da tecnologia de propulsão e dos sistemas de navegação, diversas marinhas ao redor do mundo começaram a adotá-los.

Sua importância estratégica tornou-se inegável durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando foram empregados extensivamente, transformando a guerra naval. Desde então, os submarinos evoluíram dramaticamente e são peças centrais nas frotas de inúmeras marinhas, sejam elas grandes potências ou forças armadas menores, consolidando seu papel vital na defesa e projeção de poder global.

Usos Militares

No cenário militar, a versatilidade dos submarinos é notável. Eles são empregados para uma vasta gama de missões, incluindo:

Usos Civis e Especiais

Além de suas funções militares, os submarinos desempenham papéis cruciais em diversos setores civis:

Submarinos modernos capazes de mergulhos em grandes profundidades, conhecidos como submersíveis de pesquisa ou batiscafos, são desenvolvimentos diretos de designs pioneiros que evoluíram a partir do conceito original do sino de mergulho, levando a exploração humana a patamares nunca antes imaginados.

Design e Engenharia Submarina

A arquitetura da maioria dos grandes submarinos é marcada por um corpo cilíndrico robusto, que culmina em extremidades hemisféricas ou cônicas para otimizar a hidrodinâmica. Uma estrutura vertical proeminente, geralmente posicionada a meia-nau, conhecida como "vela" na terminologia americana ou "barbatana" no uso europeu, abriga uma série de equipamentos vitais. É nessa estrutura que se encontram dispositivos de comunicação, sensores avançados e os periscópios, que permitem a observação da superfície.

Em projetos mais antigos, existia uma "torre de comando" separada, um casco de pressão menor sobre o corpo principal do submarino. Sua função era permitir o uso de periscópios mais curtos, o que simplificava o design e a manutenção. Hoje, a vela/barbatana integra essas funções de forma mais eficiente.

Na popa do submarino, encontra-se o sistema de propulsão, que pode ser uma hélice convencional ou um mais silencioso e eficiente jato de bomba (pump-jet), projetado para reduzir a assinatura acústica. Complementando a propulsão, há várias aletas de controle hidrodinâmico que auxiliam na manobrabilidade e no controle de profundidade.

Vale ressaltar que designs de submarinos menores, de mergulho profundo ou para propósitos muito específicos, podem apresentar configurações bastante distintas da tradicional forma cilíndrica. O princípio fundamental do mergulho e ressurgimento é a alteração da flutuabilidade. Isso é conseguido através da manipulação dos tanques de lastro: água é bombeada para dentro para aumentar o peso e permitir o mergulho, enquanto ar comprimido é injetado para expulsar a água, diminuir o peso e fazer o submarino emergir. Os aviões de mergulho, por sua vez, funcionam como asas subaquáticas, controlando a inclinação e a profundidade durante o movimento.

Uma Variedade Incomparável de Tipos e Capacidades

Entre todas as embarcações, os submarinos exibem uma das mais impressionantes e variadas gamas de tipos e capacidades. Essa diversidade é espantosa, abrangendo desde minúsculos exemplares autônomos e submersíveis de um ou dois tripulantes, projetados para operar por apenas algumas horas em missões específicas, até gigantescas embarcações que podem permanecer submersas por períodos de até seis meses, sem a necessidade de reabastecimento ou emergência. Um exemplo notável dessa escala é a classe Typhoon russa, que detém o título de maiores submarinos já construídos, uma verdadeira proeza da engenharia naval.

A capacidade de operar em profundidades que excedem em muito os limites de sobrevivência ou até mesmo os parâmetros práticos para mergulhadores humanos confere aos submarinos uma vantagem estratégica e científica inigualável, abrindo portas para a exploração de ambientes inóspitos e a realização de missões de alto risco.

O Trágico Destino do USS Scorpion (SSN-589)

O USS Scorpion (SSN-589) foi um submarino de propulsão nuclear da renomada classe Skipjack, uma das joias da Marinha dos Estados Unidos. Ele representou o sexto navio e o segundo submarino da Marinha dos EUA a ostentar esse nome histórico. Infelizmente, o Scorpion teve um destino trágico, sendo perdido com todas as suas mãos em 22 de maio de 1968, em circunstâncias que até hoje permanecem envoltas em mistério. Sua perda o coloca entre os apenas dois submarinos nucleares que a Marinha dos EUA perdeu, sendo o outro o USS Thresher.

O ano de 1968 foi particularmente sombrio para as frotas submarinas mundiais, marcado por uma série de quatro desaparecimentos misteriosos. Além do USS Scorpion, a Marinha de Israel perdeu o INS Dakar, a França lamentou o naufrágio do submarino Minerve, e a União Soviética enfrentou a perda do K-129. Cada um desses eventos gerou extensas investigações e especulações, e muitos deles ainda carregam segredos não totalmente revelados, sublinhando os riscos e as complexidades inerentes à operação dessas máquinas poderosas e isoladas sob as ondas.

Perguntas Frequentes sobre Submarinos (FAQs)

Qual é a principal diferença entre um submarino e um submersível?
A principal distinção reside na independência e autonomia. Um submarino é uma embarcação totalmente independente, capaz de operar por longos períodos sob a água sem suporte externo. Já um submersível tem capacidade subaquática mais limitada, geralmente precisando de um navio-mãe para lançamento, recuperação e suporte, e tem autonomia e alcance mais restritos.
Por que os submarinos são chamados de "barcos" em vez de "navios"?
É uma tradição naval que remonta aos primórdios da guerra submarina. Quando os primeiros submarinos foram desenvolvidos, eram pequenos e limitados em capacidade, sendo carinhosamente chamados de "barcos" por suas tripulações. Essa designação informal evoluiu para uma tradição mantida por marinheiros de submarinos em todo o mundo, independentemente do tamanho atual dessas impressionantes embarcações.
Como os submarinos modernos conseguem mergulhar e emergir?
Submarinos controlam sua flutuabilidade alterando o peso de sua embarcação. Eles possuem grandes tanques de lastro que são preenchidos com água para aumentar o peso e permitir o mergulho, ou esvaziados de água (e preenchidos com ar comprimido) para diminuir o peso e fazê-los emergir. Além disso, aviões de mergulho (semelhantes a asas) na proa e na popa ajudam a controlar a inclinação e a profundidade durante o movimento.
Quais são os principais usos dos submarinos atualmente?
Os submarinos têm uma vasta gama de usos. Militarmente, são empregados para ataque a navios e outros submarinos, dissuasão nuclear, reconhecimento, inserção de forças especiais e ataque terrestre. No âmbito civil, são cruciais para a ciência marinha, exploração de águas profundas, salvamento, inspeção e manutenção de infraestruturas submarinas, turismo e arqueologia subaquática.
Qual foi o submarino mais famoso ou de maior porte já construído?
Os submarinos da classe Typhoon, da Marinha Russa (anteriormente Soviética), são os maiores submarinos já construídos em termos de deslocamento. Eles são conhecidos por sua capacidade de permanecer submersos por longos períodos e por carregar um arsenal significativo, sendo um símbolo da engenharia naval e da dissuasão estratégica durante a Guerra Fria.