Em Marrocos, o dia 6 de novembro transcende a mera data no calendário, estabelecendo-se como um vibrante feriado nacional que comemora anualmente o Dia da Marcha Verde. Esta efeméride não é apenas uma recordação, mas uma celebração viva de um evento crucial na história contemporânea marroquina: a Marcha Verde de novembro de 1975, uma manifestação de massa sem precedentes, pacífica e estrategicamente orquestrada pelo governo marroquino, em estreita colaboração com diversos setores da sociedade civil e movimentos populares. O seu propósito primordial era claro e inabalável: reivindicar a soberania de Marrocos sobre o território então conhecido como Saara Espanhol, que posteriormente se tornaria o Saara Ocidental.
A Marcha Verde simboliza um momento de unidade nacional e determinação, onde centenas de milhares de marroquinos marcharam pacificamente em direção à fronteira sul do país, munidos não de armas, mas do Alcorão, da bandeira nacional e de um forte sentido de dever cívico. Este ato foi uma resposta direta à incerteza sobre o futuro do Saara Espanhol, num contexto de descolonização e da iminente morte do General Franco em Espanha, que deixava um vácuo de poder e a necessidade de uma solução para o destino do território.
O Contexto Histórico e a Reivindicação Marroquina
O Saara Espanhol era uma província ultramarina de Espanha desde 1884. Contudo, Marrocos sempre sustentou reivindicações históricas sobre a região, baseadas em laços seculares de fidelidade e soberania que remontavam a séculos de história pré-colonial. Após a sua independência em 1956, Marrocos intensificou os esforços diplomáticos para a reintegração do território, argumentando que a região era parte integrante do seu domínio histórico e geográfico. As Nações Unidas, por sua vez, apelavam à descolonização e à autodeterminação, o que adicionava uma camada de complexidade à situação.
A Marcha Verde: Uma Expressão de Vontade Popular
Lançada a 6 de novembro de 1975, sob a visão estratégica do falecido Rei Hassan II, a Marcha Verde mobilizou cerca de 350.000 voluntários civis desarmados – homens e mulheres de todas as províncias do reino – que avançaram simbolicamente alguns quilómetros para além da fronteira artificial imposta pelos colonizadores. O nome "Verde" não foi escolhido ao acaso; é uma cor emblemática do Islão, associada à paz, esperança e prosperidade, refletindo o caráter pacífico e a dimensão espiritual do movimento. Esta demonstração massiva e não-violenta de força popular e de legitimidade histórica exerceu uma pressão decisiva sobre Espanha para negociar a saída do território.
O Legado e as Implicações Pós-Marcha
A imediata consequência da Marcha Verde foi a assinatura dos Acordos de Madrid a 14 de novembro de 1975, entre Espanha, Marrocos e Mauritânia. Estes acordos estabeleceram a transferência da administração do Saara Espanhol para Marrocos e Mauritânia, marcando o fim da presença colonial espanhola. Marrocos assumiu o controlo da maior parte do território, que passou a designar-se Saara Ocidental, e desde então tem investido significativamente no seu desenvolvimento socioeconómico e infraestrutural. O Dia da Marcha Verde é, portanto, um pilar da identidade nacional marroquina, celebrando não apenas uma vitória territorial, mas também o espírito de união e resiliência do povo.
FAQ sobre o Dia da Marcha Verde em Marrocos
- O que é a Marcha Verde?
- A Marcha Verde foi uma manifestação de massa pacífica, organizada pelo governo marroquino em novembro de 1975, que envolveu cerca de 350.000 civis desarmados a marchar em direção ao Saara Espanhol para reivindicar a sua integração em Marrocos.
- Por que o dia 6 de novembro é um feriado nacional em Marrocos?
- É um feriado nacional para celebrar o Dia da Marcha Verde, em comemoração ao evento histórico de 6 de novembro de 1975, que é considerado um marco na luta de Marrocos pela sua integridade territorial e soberania sobre o Saara Ocidental.
- Qual era o objetivo principal da Marcha Verde?
- O objetivo principal era exigir a devolução e integração do território do Saara Espanhol a Marrocos, reafirmando as reivindicações históricas marroquinas sobre a região e acelerando o processo de descolonização por parte da Espanha.
- Quem liderou a Marcha Verde?
- A Marcha Verde foi concebida e liderada pelo falecido Rei Hassan II de Marrocos, com o apoio e participação massiva de todas as camadas da sociedade marroquina.
- Qual foi o resultado da Marcha Verde?
- O resultado imediato foi a assinatura dos Acordos de Madrid, que transferiram a administração do Saara Espanhol para Marrocos e Mauritânia, pondo fim ao domínio colonial espanhol. Marrocos assumiu o controlo da maior parte do território, conhecido hoje como Saara Ocidental.