A Figura de Mir Akbar Khyber: Um Intelectual e o Catalisador de uma Era

Mir Akbar Khyber (پښتو: مير اکبر خيبر), por vezes transliterado como Khaibar, nascido a 11 de janeiro de 1925, foi uma figura proeminente no cenário político afegão da sua época. Como um intelectual de esquerda e um dos líderes da facção Parcham do Partido Democrático do Povo do Afeganistão (PDPA), ele desempenhou um papel significativo na articulação de ideologias socialistas no país. A sua vida foi abruptamente interrompida a 17 de abril de 1978, quando foi assassinado por indivíduos não identificados.

Este trágico evento, envolto em mistério e controvérsia, não foi meramente um crime isolado; tornou-se o catalisador que precipitou uma das mais drásticas transformações na história moderna do Afeganistão. O assassinato de Khyber desencadeou uma onda de protestos e descontentamento que o PDPA soube capitalizar, utilizando-o como pretexto para a subsequente derrubada da república de Mohammed Daoud Khan. Tal ação não só culminou na queda do regime existente, como também inaugurou uma nova e tumultuosa era com o advento de um governo socialista no Afeganistão, conhecido como a República Democrática do Afeganistão.

A Revolução Saur: O Golpe de Abril de 1978

A Revolução Saur, ou Revolução de Sowr, é um marco indelével na história afegã, também conhecida como Revolução de Abril ou Golpe de Abril. O termo "Saur" (ou "Sowr") provém do dari, referindo-se ao segundo mês do calendário solar islâmico, período durante o qual esta sublevação histórica ocorreu. Entre 27 e 28 de abril de 1978, o Partido Democrático do Povo do Afeganistão (PDPA) orquestrou uma tomada de poder que mudaria para sempre o destino da nação.

O alvo desta revolução foi o então presidente afegão, Mohammed Daoud Khan. Khan havia chegado ao poder através de um golpe de estado em 1973, estabelecendo desde então um sistema autocrático de partido único, caracterizado pela supressão da oposição e pela concentração de poder. A sua administração, embora inicialmente vista com alguma esperança, tornou-se cada vez mais repressiva, criando um terreno fértil para o descontentamento e a articulação de movimentos de oposição, como o PDPA.

A Tomada do Poder e as Suas Consequências Imediatas

Os dias 27 e 28 de abril de 1978 foram marcados por combates intensos, particularmente na capital, Cabul. Oficiais militares afiliados ao PDPA invadiram o palácio presidencial, resultando na morte de Mohammed Daoud Khan e da maioria da sua família. Após a tomada do palácio e a consolidação do poder pelo PDPA, os seus partidários organizaram uma purga sistemática dos apoiantes de Khan, muitos dos quais foram presos e mortos. A violência generalizada da revolução é um testemunho da brutalidade da transição, com estimativas de até 2.000 militares e civis combinados a perderem a vida nos confrontos.

Com a vitória do PDPA, foi estabelecido um novo governo afegão, de orientação socialista e alinhado com a União Soviética, que na altura exercia uma influência considerável na região. Nur Muhammad Taraki assumiu o cargo de Secretário-Geral do Conselho Revolucionário do PDPA, tornando-se a figura principal do novo regime. É importante notar que Hafizullah Amin, outro membro influente do PDPA, teve um papel crucial na ordem da revolta e viria a ser uma figura significativa no governo revolucionário. Contudo, em uma coletiva de imprensa em Nova York, em junho de 1978, Amin procurou minimizar a natureza de golpe de estado do evento, afirmando que não se tratava de um golpe, mas sim de uma "revolução popular" impulsionada pela "vontade do povo" afegão.

Legado e Impacto Duradouro da Revolução Saur

A Revolução Saur permanece um evento de profunda relevância na história do Afeganistão. Mais do que uma simples mudança de regime, marcou o início de um período de turbulência e instabilidade que, até 2022, resultou em quase meio século de conflito contínuo no país. As suas ramificações ecoaram por décadas, moldando a geopolítica regional e a vida de milhões de afegãos, culminando, entre outros eventos, na intervenção soviética e em inúmeras guerras civis.

FAQs sobre Mir Akbar Khyber e a Revolução Saur

Quem foi Mir Akbar Khyber?

Mir Akbar Khyber (1925-1978) foi um proeminente intelectual de esquerda afegão e um dos líderes da facção Parcham do Partido Democrático do Povo do Afeganistão (PDPA). A sua morte foi o catalisador para a Revolução Saur.

Qual evento desencadeou a Revolução Saur?

O assassinato de Mir Akbar Khyber a 17 de abril de 1978 foi o principal catalisador. Este evento inflamou as tensões políticas e serviu de pretexto para o Partido Democrático do Povo do Afeganistão (PDPA) derrubar o governo de Mohammed Daoud Khan.

O que foi o Partido Democrático do Povo do Afeganistão (PDPA)?

O PDPA foi um partido político afegão de orientação marxista-leninista, fundado em 1965. Dividido em facções como Parcham e Khalq, ele orquestrou a Revolução Saur e estabeleceu um governo socialista no Afeganistão.

Quem era Mohammed Daoud Khan e o que lhe aconteceu?

Mohammed Daoud Khan foi o presidente do Afeganistão que havia tomado o poder num golpe de estado em 1973 e estabelecido um sistema autocrático de partido único. Ele e a maioria da sua família foram mortos no palácio presidencial em Cabul por oficiais militares afiliados ao PDPA durante a Revolução Saur.

Quais foram as consequências imediatas da Revolução Saur?

As consequências incluíram a derrubada e morte de Mohammed Daoud Khan, o estabelecimento da República Democrática do Afeganistão (um governo socialista alinhado com a União Soviética), e a purga de oponentes políticos. Nur Muhammad Taraki tornou-se o Secretário-Geral do Conselho Revolucionário do PDPA.

Por que é chamada de "Revolução Saur"?

"Saur" (ou "Sowr") é o nome em dari para o segundo mês do calendário solar islâmico, que corresponde aproximadamente a abril/maio no calendário gregoriano. A revolta ocorreu especificamente entre 27 e 28 de abril de 1978, ou seja, no mês de Saur.

A Revolução Saur foi um golpe de estado ou uma revolução popular?

Embora figuras do PDPA, como Hafizullah Amin, tenham afirmado que se tratou de uma "revolução popular" impulsionada pela "vontade do povo", a maioria dos historiadores e analistas políticos a considera um golpe de estado militar, dada a forma como o poder foi tomado e consolidado pelo PDPA.