Nascida Elaine Iva Berlin em 21 de abril de 1932, Elaine May é uma figura multifacetada e icónica na paisagem cultural americana, destacando-se como comediante, diretora, roteirista, dramaturga e atriz. Sua marca inicial e indelével foi deixada na década de 1950, quando, ao lado de Mike Nichols, revolucionou a comédia de improvisação com o lendário duo Nichols and May.
A jornada artística de May começou com estudos de atuação em Los Angeles sob a tutela de Maria Ouspenskaya. Contudo, foi em 1955 que sua carreira tomou um rumo decisivo, quando, com apenas sete dólares no bolso, mudou-se para Chicago. Lá, ela se tornou um dos membros fundadores do influente Compass Players, um grupo de teatro de improvisação que viria a ser um berço para muitos talentos. Foi nesse ambiente efervescente que ela cruzou caminhos com Mike Nichols, outro membro do grupo, e a química entre eles foi instantânea. Juntos, começaram a desenvolver e apresentar esquetes de comédia próprios, que rapidamente conquistaram uma enorme popularidade. Em 1957, o sucesso era tal que ambos decidiram deixar o Compass Players para formar seu próprio espetáculo de palco em Nova York, dando origem ao icónico "Nichols and May". O produtor Jack Rollins, testemunha da ascensão do duo, descreveu o ato como "tão surpreendente, tão novo, tão fresco quanto poderia ser. Fiquei impressionado com o quão bons eles eram".
Rapidamente, Nichols and May cativaram o público, esgotando bilhetes em palcos da Broadway e realizando aparições memoráveis na televisão e transmissões de rádio. Seu estilo de comédia era inovador, criando clichês satíricos e tipos de personagens que sutilmente, mas com mordacidade, zombavam da emergente ordem intelectual, cultural e social do pós-guerra americano. Através de seu trabalho perspicaz e brilhante, Elaine May desempenhou um papel crucial na desconstrução do estereótipo que limitava as mulheres no campo da comédia ao vivo, provando que elas podiam ser não apenas engraçadas, mas também intelectualmente afiadas e artisticamente inovadoras.
Um Fenômeno Cômico e a Transição para Outros Horizontes
O impacto de Nichols and May foi profundo, servindo de inspiração para uma nova geração de comediantes, incluindo nomes proeminentes como Lily Tomlin e Steve Martin. O duo lançou vários álbuns de comédia, recebendo quatro indicações ao Grammy e conquistando o prêmio de Melhor Álbum de Comédia por "An Evening with Mike Nichols and Elaine May" em 1962. No entanto, após apenas quatro anos, no auge de sua fama, May tomou a decisão surpreendente de interromper a parceria. Ela ansiava por explorar mais os riscos da improvisação e experimentar com novas formas, enquanto Nichols preferia aprimorar a estrutura e direcionar sua energia para a direção, marcando uma divergência artística que, apesar de respeitosa, também teve um impacto emocional significativo em ambos. Sua separação, embora lamentada, abriu caminho para as brilhantes carreiras solo que cada um seguiria.
Após o fim do duo, May expandiu seu talento para além do palco, tornando-se uma aclamada roteirista e dramaturga, além de continuar atuando e, notavelmente, dirigindo. O curto, mas intensamente brilhante período de Nichols and May como estrelas da comédia levou o apresentador de talk show nova-iorquino Dick Cavett a descrever seu ato como "um dos meteoros cômicos no céu". Woody Allen, por sua vez, declarou enfaticamente que "os dois vieram e elevaram a comédia a um nível totalmente novo". O jornalista Gerald Nachman observou que "Nichols e May são talvez os mais ardentemente perdidos de todos os comediantes satíricos de sua época", o que atesta a saudade e o legado duradouro que deixaram. A relevância de sua parceria foi imortalizada no documentário da PBS, "Nichols and May: Take Two" (1996).
Uma Visionária por Trás das Câmeras e no Roteiro
Embora suas aparições como atriz em filmes fossem relativamente esparsas ao longo de sua carreira — destacando-se em produções como "Luv" (1967), "Enter Laughing" (1967) e "California Suite" (1978) — foi na direção e roteiro que Elaine May realmente rompeu barreiras. Ela fez história ao se tornar a primeira diretora feminina a assinar um contrato com Hollywood desde Ida Lupino, um feito notável numa indústria dominada por homens. Seu debute na direção foi com a excêntrica comédia de humor negro "A New Leaf" (1971), na qual também estrelou ao lado de Walter Matthau, demonstrando sua versatilidade e visão única.
May se destacou por sua audácia em experimentar com diversos gêneros, dirigindo uma série de filmes aclamados pela crítica. Entre eles, a sombria comédia romântica "The Heartbreak Kid" (1972), estrelada por Charles Grodin, Cybill Shepherd e sua filha Jeannie Berlin, e o contundente filme de gângster "Mikey and Nicky" (1976), com as performances intensas de John Cassavetes e Peter Falk, ambos demonstrando sua maestria em narrativas complexas e personagens profundos. Sua habilidade como roteirista foi reconhecida com sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado pela comédia de Warren Beatty, "Heaven Can Wait" (1978).
Posteriormente, May assumiu o duplo papel de roteirista e diretora no ambicioso filme "Ishtar" (1987), estrelado por Beatty e Dustin Hoffman. Apesar de uma recepção crítica geralmente desfavorável na época, o filme ganhou um status de cult anos mais tarde, sendo reavaliado por muitos como uma obra à frente de seu tempo. A colaboração com Mike Nichols não terminou com o duo de comédia; eles se reencontraram profissionalmente com May escrevendo os roteiros e Nichols dirigindo dois grandes sucessos: "The Birdcage" (1996) e "Primary Colors" (1998). Por seu trabalho nessas produções, ela recebeu uma indicação ao Writers Guild Award e conquistou um British Academy Film Award, consolidando ainda mais seu prestígio como roteirista.
Um Legado Honrado e Retorno Triunfal
As contribuições inestimáveis de Elaine May para a comédia e o cinema americanos foram amplamente reconhecidas. Em 2013, ela foi agraciada com a Medalha Nacional de Artes, um dos mais altos reconhecimentos artísticos nos Estados Unidos, entregue a ela pessoalmente pelo presidente Barack Obama, celebrando sua carreira vitalícia e seu impacto cultural.
Um dos momentos mais emocionantes de sua carreira tardia ocorreu em 2018, quando May fez um retorno triunfal aos palcos da Broadway após uma ausência de 60 anos. Ela estrelou no renascimento da peça "The Waverly Gallery", de Kenneth Lonergan, dirigida por Lila Neugebauer, no John Golden Theatre – o mesmo teatro que havia sediado as performances de Nichols and May quase seis décadas antes. Sua atuação foi universalmente aclamada pela crítica, rendendo-lhe o prestigioso Tony Award de Melhor Atriz em uma Peça em 2019. Com essa vitória, ela se tornou a segunda artista mais velha a receber um Tony Award por atuação, um testemunho notável de seu talento perene e de sua resiliência artística. Em 2022, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas honrou Elaine May com o Prêmio Honorário da Academia, em reconhecimento à sua "abordagem ousada e intransigente ao cinema, como roteirista, diretora e atriz", cimentando seu lugar como uma verdadeira lenda do entretenimento.
FAQs sobre Elaine May
- Qual foi o impacto inicial de Elaine May na comédia?
- Elaine May causou um impacto revolucionário na década de 1950 com suas rotinas de comédia de improvisação ao lado de Mike Nichols, formando o célebre duo Nichols and May. Eles eram conhecidos por sua sátira inteligente e por subverterem as expectativas da comédia ao vivo.
- Por que Nichols and May se separaram no auge da fama?
- A separação ocorreu após quatro anos, no auge de sua popularidade, devido a diferenças artísticas e um grande impacto emocional. Elaine May desejava explorar mais os riscos da improvisação e formas experimentais, enquanto Mike Nichols preferia aprimorar a estrutura e focar na direção.
- Elaine May foi uma pioneira como diretora de cinema?
- Sim, Elaine May foi uma figura pioneira. Ela se tornou a primeira diretora feminina a assinar um contrato com Hollywood desde Ida Lupino, dirigindo filmes aclamados como "A New Leaf", "The Heartbreak Kid" e "Mikey and Nicky", e quebrando moldes ao experimentar com diversos gêneros.
- Quais foram os principais prêmios e reconhecimentos de Elaine May?
- Ao longo de sua carreira, May recebeu o Grammy de Melhor Álbum de Comédia (com Nichols), a Medalha Nacional de Artes (2013), o Tony Award de Melhor Atriz em uma Peça (2019) e o Prêmio Honorário da Academia (2022) por sua contribuição multifacetada ao cinema.
- Qual é o legado de Elaine May na comédia e no cinema?
- O legado de Elaine May é vasto e duradouro. Ela é celebrada por sua mente brilhante na improvisação, por quebrar estereótipos femininos na comédia, por sua direção audaciosa e roteiros perspicazes, e por inspirar gerações de artistas. Ela elevou a comédia a um novo patamar e deixou uma marca indelével em Hollywood.

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