Guilherme II de Atenas, nascido em 1312, foi uma figura ligada à complexa teia política do Mediterrâneo medieval, sendo o terceiro filho do influente rei Frederico III da Sicília e de sua rainha consorte, Leonor de Anjou. Sua vida, embora relativamente curta, esteve intrinsecamente ligada aos ambiciosos projetos territoriais da coroa aragonesa-siciliana, estendendo-se desde a ilha da Sicília até as terras distantes da Grécia.
A ascensão de Guilherme a uma posição de destaque no cenário grego ocorreu de forma inesperada. Após a morte prematura de seu irmão mais velho, Manfredo, em 9 de novembro de 1317, Guilherme, ainda criança, herdou o prestigioso Ducado de Atenas. Este ducado não era uma possessão qualquer; ele representava o culminar das conquistas da Companhia Catalã na Grécia, um grupo de mercenários almogávares que, após servirem o Império Bizantino, conquistaram vastas porções da Tessália e da Ática, incluindo Atenas, no início do século XIV, e as colocaram sob a suserania dos reis da Sicília.
Regência e Expansão nos Domínios Gregos
Dada a sua menoridade, a administração dos domínios gregos de Guilherme foi confiada a uma figura de notável capacidade e ambição: seu irmão mais velho ilegítimo, Afonso Frederico, Conde de Salona. Afonso Frederico não foi apenas um regente passivo; ele foi um vigoroso expansionista. Em 1319, demonstrou sua proeza militar e administrativa ao anexar o Ducado de Neopatria aos já consideráveis territórios catalães na Grécia, expandindo significativamente a esfera de influência aragonesa na península balcânica e consolidando o poder da família de Guilherme na região.
Em 1330, após anos de serviço em terras gregas, Afonso Frederico retornou à Sicília. Em reconhecimento aos seus feitos e talvez como um acerto de contas político, Guilherme, já atingindo a maioridade ou agindo sob a forte influência paterna, cedeu-lhe os estratégicos condados de Malta e Gozo. Para substituí-lo na administração dos ducados gregos, foi nomeado Nicola Lanza, um nome menos proeminente, mas que continuaria a gerir os interesses sicilianos na Grécia.
Casamento, Tensões Papais e Legado Patrimonial
A vida pessoal de Guilherme também refletiu as complexidades políticas da época. Em 1335, casou-se com María Álvarez de Jérica, uma descendente do famoso almirante Rogério de Lauria. Contudo, este matrimônio foi realizado sem a dispensa papal necessária. Tanto o Papa João XXII quanto o seu sucessor, Bento XII, mantinham uma relação tensa com Frederico III da Sicília, muitas vezes questionando a legitimidade do poder aragonês sobre a ilha em detrimento das reivindicações angevinas. A recusa papal em conceder a dispensa pode ser vista como uma tentativa de afirmar a autoridade pontifícia e, talvez, de minar a influência da casa real siciliana.
Dois anos mais tarde, em 1337, o pai de Guilherme, Frederico III, elaborou seu testamento, no qual demonstrava grande preocupação em garantir o futuro de seu filho. Nele, Guilherme era agraciado com um vasto patrimônio: o Principado de Taranto, o condado de Calatafimi, a honra de Monte Sant'Angelo, e diversas terras e castelos em locais estratégicos da Sicília, como Noto, Spaccaforno, Capo Passero e Avola. Contudo, esta generosa herança estava condicionada à morte de sua mãe, Leonor, que era filha de Carlos II de Nápoles e, portanto, uma figura-chave na ligação com a dinastia angevina. A ironia do destino quis que Leonor morresse apenas em 1341, mas Guilherme já havia falecido antes dela, em 22 de agosto de 1338, sem jamais tomar posse de grande parte desses bens.
Apesar de sua vida breve e da falta de uma grande atuação política própria, Guilherme II deixou um pequeno legado intelectual. Sua biblioteca pessoal foi doada aos monges dominicanos de Palermo, um gesto que sublinha uma possível inclinação ao saber e à religião. Ele foi sepultado na imponente catedral de Palermo, um local de repouso final para muitos membros da realeza siciliana, cimentando seu lugar na história da ilha.
Perguntas Frequentes
Quem foi Guilherme II de Atenas?
Guilherme II foi o terceiro filho do rei Frederico III da Sicília e de Leonor de Anjou. Ele se tornou Duque de Atenas aos cinco anos de idade e teve uma vida breve, falecendo em 1338.
Como Guilherme II se tornou Duque de Atenas?
Ele herdou o Ducado de Atenas em 1317, após a morte de seu irmão mais velho, Manfredo. O ducado havia sido conquistado pela Companhia Catalã e submetido à suserania da coroa aragonesa da Sicília.
Quem governou as posses gregas de Guilherme II durante sua menoridade?
Seu irmão mais velho ilegítimo, Afonso Frederico, Conde de Salona, atuou como regente. Afonso foi um líder militar eficaz, responsável pela adição do Ducado de Neopatria aos domínios catalães em 1319.
Por que o casamento de Guilherme II foi controverso?
Seu casamento com María Álvarez de Jérica em 1335 ocorreu sem a necessária dispensa papal. Tanto o Papa João XXII quanto seu sucessor, Bento XII, se opunham, em parte, devido às tensões políticas e disputas de poder com o pai de Guilherme, Frederico III da Sicília.
Que terras seu pai, Frederico III, lhe deixou em testamento?
Frederico III legou a Guilherme o Principado de Taranto, o condado de Calatafimi, a honra de Monte Sant'Angelo, e vários castelos e terras na Sicília, incluindo Noto, Spaccaforno, Capo Passero e Avola. No entanto, Guilherme faleceu antes de sua mãe, a cuja morte a herança estava condicionada, e por isso não chegou a usufruir de grande parte desses bens.
Onde Guilherme II foi sepultado?
Guilherme II foi sepultado na catedral de Palermo, na Sicília, o mesmo local onde doou sua biblioteca pessoal aos dominicanos.

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