Abdelaziz Bouteflika , soldado e político argelino, 5º Presidente da Argélia

Abdelaziz Bouteflika, cujo nome em árabe é عبد العزيز بوتفليقة e se romaniza como ʿAbd al-ʿAzīz Būtaflīqa (pronuncia-se aproximadamente [ʕabd elʕaziːz buːtefliːqa]), foi uma figura central na política argelina por décadas, servindo como Presidente da Argélia de 1999 a 2019. Nascido em 1937, sua vida política abrangeu a luta pela independência, o período pós-colonial e a modernização do país, culminando em sua morte em 2021 aos 84 anos.

Carreira Inicial e a Luta pela Independência

Antes de se tornar uma proeminente figura política no cenário pós-independência da Argélia, Abdelaziz Bouteflika forjou sua trajetória em um dos momentos mais cruciais da história argelina: a Guerra da Argélia (1954-1962). Jovem e idealista, ele se juntou à Frente de Libertação Nacional (FLN), o movimento nacionalista que lutou incansavelmente para libertar a Argélia do domínio colonial francês. Sua participação ativa na revolução não apenas moldou sua visão política, mas também o estabeleceu como um dos veteranos da independência, conferindo-lhe um capital político significativo para os anos que se seguiriam à libertação.

A Ascensão Diplomática Pós-Independência

Após a Argélia conquistar sua soberania em 1962, Bouteflika rapidamente emergiu no cenário internacional. Com apenas 26 anos, foi nomeado Ministro das Relações Exteriores, cargo que ocuparia por um período notavelmente longo, de 1963 a 1979. Durante essas quase duas décadas, ele desempenhou um papel crucial na definição da política externa argelina, promovendo o não-alinhamento e defendendo a autodeterminação dos povos no contexto da Guerra Fria. Sua habilidade diplomática foi reconhecida globalmente, levando-o a presidir a 29ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas entre 1974 e 1975, um período de intensas discussões sobre a Nova Ordem Econômica Internacional e a descolonização.

Um Período de Afastamento e Controvérsia

No início da década de 1980, a carreira política de Bouteflika sofreu um revés significativo. Em 1983, ele foi alvo de acusações de corrupção, sendo condenado por desviar milhões de dinares argelinos de embaixadas do país durante seu tempo como diplomata e ministro. Embora ele tenha negado as acusações, este escândalo resultou em seu afastamento da vida pública e um período de exílio autoimposto, morando em países como a Suíça e os Emirados Árabes Unidos. Este período sombrio, contudo, não seria o fim de sua jornada política.

O Retorno Triunfal e a Presidência

Abdelaziz Bouteflika fez um retorno surpreendente ao cenário político argelino em 1999, um momento em que o país estava exausto pela "Década Negra" – a brutal Guerra Civil Argelina. Candidato à presidência, ele prometeu restaurar a paz e a estabilidade. Em abril de 1999, foi eleito presidente da Argélia em uma vitória esmagadora, embora a eleição tenha sido marcada por alegações de fraude e a retirada de outros candidatos. Seu primeiro mandato foi largamente dedicado à implementação da "Concorde Civil" e, posteriormente, da "Carta para a Paz e Reconciliação Nacional", políticas que visavam anistiar combatentes islâmicos e promover a reconciliação, pavimentando o caminho para o fim oficial do conflito em 2002. Ele havia assumido e ampliado a iniciativa de seu antecessor, o presidente Liamine Zéroual, para pacificar o país.

Sua liderança foi reiteradamente confirmada nas urnas, com reeleições em 2004, 2009 e 2014, um feito que exigiu alterações constitucionais para remover os limites de mandatos presidenciais. Durante seus mandatos, Bouteflika supervisionou não apenas o fim da guerra civil, mas também o fim do estado de emergência em fevereiro de 2011, uma medida que havia sido implementada em 1992. Esta decisão, tomada em meio à agitação da Primavera Árabe na região, foi vista como uma tentativa de aplacar o descontentamento popular e modernizar o sistema político argelino.

Declínio da Saúde e o Fim de Uma Era

A partir de 2013, a saúde de Abdelaziz Bouteflika deteriorou-se consideravelmente após sofrer um derrame cerebral. As aparições públicas tornaram-se raras, e sua capacidade de governar começou a ser questionada, especialmente durante seu quarto mandato. Sua última aparição pública ocorreu em 2017, alimentando rumores e preocupações sobre sua aptidão. Em 2019, quando anunciou sua intenção de concorrer a um quinto mandato, a Argélia foi palco de protestos em massa sem precedentes. O movimento popular, conhecido como Hirak, exigia sua renúncia e uma reforma profunda do sistema político. Pressionado por semanas de manifestações pacíficas e a perda de apoio das forças armadas, Bouteflika finalmente renunciou em 2 de abril de 2019, após quase 20 anos no poder. Ele se tornou o chefe de Estado mais longevo da história da Argélia independente.

Últimos Anos e Legado

Após sua renúncia, Abdelaziz Bouteflika retirou-se completamente da vida pública, vivendo como um recluso em sua residência. Sua morte, aos 84 anos, ocorreu em 2021, mais de dois anos após deixar a presidência. O legado de Bouteflika é complexo: celebrado por ter pacificado a Argélia e restaurado sua estabilidade após anos de guerra civil, mas também criticado por sua permanência prolongada no poder, a centralização da autoridade e as questões de governança que levaram aos protestos de 2019. Sua vida reflete as turbulências e transformações de uma nação jovem e em desenvolvimento.

Perguntas Frequentes (FAQs) sobre Abdelaziz Bouteflika

Quem foi Abdelaziz Bouteflika?

Abdelaziz Bouteflika foi um proeminente político argelino que serviu como Presidente da Argélia por quase 20 anos, de 1999 a 2019. Ele também teve um papel significativo na luta pela independência do país e como Ministro das Relações Exteriores.

Qual foi o seu papel na Guerra da Argélia?

Durante a Guerra da Argélia (1954-1962), Bouteflika foi um membro ativo da Frente de Libertação Nacional (FLN), o movimento que lutou pela independência da Argélia contra o domínio colonial francês. Sua participação lhe conferiu status de "veterano da revolução".

Por quanto tempo ele serviu como Ministro das Relações Exteriores?

Após a independência da Argélia, Abdelaziz Bouteflika serviu como Ministro das Relações Exteriores por um longo período, de 1963 a 1979, desempenhando um papel fundamental na diplomacia argelina e internacional.

Quais foram suas principais realizações como presidente?

Como presidente, Bouteflika é amplamente creditado por ter pacificado a Argélia, encerrando a sangrenta Guerra Civil (a "Década Negra") através de políticas de conciliação. Ele também supervisionou o fim do estado de emergência e empreendeu esforços para a reconstrução e modernização do país.

Por que Abdelaziz Bouteflika renunciou em 2019?

Bouteflika renunciou em 2 de abril de 2019, após meses de protestos em massa em todo o país, conhecidos como Hirak. Os protestos foram desencadeados por seu anúncio de que concorreria a um quinto mandato presidencial, em meio a preocupações sobre sua saúde e a estagnação política.

Quando e como ele morreu?

Abdelaziz Bouteflika faleceu em 2021, aos 84 anos de idade, mais de dois anos após sua renúncia. Após deixar a presidência, ele viveu recluso e afastado da vida pública devido ao seu estado de saúde.