Chester Alan Arthur, uma figura emblemática da política americana do século XIX, nasceu em Fairfield, Vermont, em 5 de outubro de 1829. Advogado de formação e político astuto, ele ascenderia à mais alta posição do país de uma maneira inesperada, tornando-se o 21º Presidente dos Estados Unidos e servindo de 1881 a 1885. Sua trajetória, marcada por controvérsias e uma surpreendente virada de princípios, é um fascinante estudo da era pós-Guerra Civil americana, um período frequentemente conhecido como a "Era Dourada", caracterizado por rápido crescimento industrial, mas também por corrupção política e grandes clivagens sociais.
A ascensão de Arthur à presidência foi dramática. Ele já ocupava o cargo de 20º Vice-Presidente quando, em setembro de 1881, a nação foi abalada pela trágica morte do Presidente James A. Garfield, que havia sido baleado por um assassino apenas dois meses antes. Esse evento não só catapultou Arthur para a liderança, mas também desencadeou um período de introspecção nacional sobre a necessidade de reformar o sistema de patronagem política.
Primeiros Anos e Início da Carreira
A juventude de Chester Arthur foi moldada na pitoresca região do norte do estado de Nova York, onde cresceu. Após concluir seus estudos em direito, estabeleceu-se na vibrante metrópole da cidade de Nova York, onde construiu uma sólida carreira jurídica. Sua vida pública ganhou um novo rumo durante o tumultuoso período da Guerra Civil Americana, quando serviu como Intendente Geral da milícia de Nova York. Esta posição crucial o colocou no centro da logística militar do estado, responsável pelo suprimento e equipamento das tropas, uma tarefa de imensa responsabilidade que o familiarizou com a administração em larga escala e com as complexidades do poder.
Após o término do conflito, Arthur dedicou-se com ainda mais afinco à política republicana de Nova York, um cenário fértil para a construção de carreiras. Ele rapidamente se tornou uma peça fundamental na poderosa organização política liderada pelo Senador Roscoe Conkling, um influente líder da facção "Stalwart" do Partido Republicano. Os Stalwarts eram conhecidos por sua lealdade inabalável ao sistema de "espólios", ou seja, a prática de recompensar apoiadores políticos com cargos públicos, um sistema que, embora controverso, era a espinha dorsal da política da época.
O Coletor do Porto de Nova York e o Sistema de Patronagem
O reconhecimento de sua influência política veio em 1871, quando o Presidente Ulysses S. Grant o nomeou para o cobiçado cargo de Coletor do Porto de Nova York. Este não era um posto qualquer; era, talvez, o mais lucrativo e poderoso cargo federal fora de Washington D.C. O Coletor era responsável por arrecadar as tarifas de importação que afluíam para o porto mais movimentado do país, controlando um vasto exército de funcionários e empreiteiros. Era um baluarte do sistema de patronagem, onde Arthur podia recompensar os leais ao Partido Republicano e, em particular, à facção de Conkling, com empregos e favores, solidificando seu poder e o de seu mentor.
No entanto, a pressão por reformas civis estava crescendo, e em 1878, o Presidente Rutherford B. Hayes, um defensor da reforma, demitiu Arthur do cargo como parte de um esforço mais amplo para desmantelar o sistema federal de patronagem em Nova York. Esta demissão foi um golpe significativo para Arthur e para os Stalwarts, mas não o afastaria da cena política por muito tempo.
A Vice-Presidência e a Tragédia que Mudou seu Destino
Em 1880, o Partido Republicano se reuniu para escolher seu candidato à presidência. James A. Garfield, um reformador do estado de Ohio, conquistou a indicação presidencial. Para equilibrar a chapa e apaziguar a poderosa facção Stalwart, Arthur, conhecido por sua lealdade e influência em Nova York, foi indicado para Vice-Presidente. A chapa Garfield-Arthur venceu as eleições, e Arthur assumiu seu novo cargo em março de 1881.
No entanto, a alegria da vitória foi efêmera. Em julho de 1881, apenas quatro meses após o início de seu mandato, o Presidente Garfield foi baleado por um assassino desiludido com o sistema de patronagem, Charles Guiteau. Após semanas de agonia e um sofrimento nacional, Garfield faleceu 11 semanas depois, em 19 de setembro de 1881. A nação ficou em choque, e Chester Alan Arthur, o homem que muitos viam como um produto do sistema corrupto, de repente se viu investido da mais alta autoridade do país.
A Presidência: Surpreendente Reforma e Políticas Nacionais
Quando Arthur assumiu a presidência, pairava sobre ele uma profunda desconfiança. Sua reputação como um "Stalwart" e uma figura ligada à máquina política de Conkling o precedia, e muitos reformadores temiam que sua administração fosse mais do mesmo, ou pior. No entanto, para a surpresa de muitos, Arthur demonstrou uma notável capacidade de se elevar acima das expectativas.
O evento que o levou ao poder – o assassinato de Garfield por um partidário insatisfeito – impulsionou a causa da reforma do serviço civil. Arthur, o improvável campeão, defendeu com vigor e, crucialmente, aplicou a Lei de Reforma do Serviço Civil de Pendleton de 1883. Esta lei histórica estabeleceu um sistema de mérito para certos cargos federais, exigindo exames competitivos em vez de nomeações políticas, marcando o início do fim do sistema de espólios e deixando um legado duradouro na administração pública americana. Foi uma reviravolta que chocou seus antigos aliados e conquistou o respeito de seus detratores.
Outras Áreas de Atuação e Desafios
Além da reforma do serviço civil, Arthur presidiu o renascimento da Marinha dos EUA. Reconhecendo a obsolescência da frota após a Guerra Civil, ele iniciou um programa ambicioso de modernização e construção naval, lançando as bases para a "Nova Marinha" que viria a desempenhar um papel crucial no cenário mundial. No entanto, sua administração enfrentou críticas por não aliviar o substancial superávit orçamentário federal, que vinha se acumulando desde o fim da Guerra Civil e era visto por alguns como um fardo econômico.
Uma das decisões mais complexas e controversas de sua presidência envolveu a Lei de Exclusão Chinesa de 1882. Arthur vetou a primeira versão da lei, que propunha uma proibição de vinte anos à imigração chinesa para os Estados Unidos, argumentando que tal medida violava o Tratado de Burlingame de 1868, que garantia o direito de livre imigração. No entanto, sob intensa pressão pública e política impulsionada pelo sentimento anti-chinês, ele assinou uma segunda versão da lei, que impunha uma proibição de dez anos. Embora tenha demonstrado princípios em seu veto inicial, a assinatura da versão revisada reflete as complexidades e as pressões políticas da época em relação à imigração.
O Legado de um Presidente Inesperado
A saúde debilitada de Arthur, que sofria de uma doença renal grave (nefrite de Bright), um fato que ele manteve em segredo do público, combinou-se com seu temperamento político mais reservado para tornar sua administração menos ativa do que uma presidência moderna. Por essa razão, ele fez apenas um esforço limitado para garantir a indicação do Partido Republicano para um segundo mandato em 1884 e se aposentou no final de seu período.
No entanto, apesar de suas origens e das expectativas iniciais, Arthur conseguiu conquistar um respeito considerável durante seu tempo no cargo. O jornalista Alexander McClure expressou essa transformação ao escrever: "Nenhum homem jamais entrou na presidência tão profunda e amplamente desconfiado quanto Chester Alan Arthur, e ninguém jamais se aposentou... mais geralmente respeitado, tanto por amigos quanto por inimigos políticos." O New York World, após sua morte em 1886, resumiu sua presidência com a concisão: "Nenhum dever foi negligenciado em sua administração, e nenhum projeto aventureiro alarmou a nação." Até mesmo Mark Twain, com sua característica perspicácia, elogiou-o, afirmando: "Seria realmente difícil melhorar a administração do presidente Arthur."
Apesar desses elogios contemporâneos por seu sólido desempenho, os historiadores modernos geralmente classificam Chester Alan Arthur como um presidente medíocre e, de forma mais marcante, como um dos menos memoráveis. No entanto, sua administração representa um período de transição crucial na política americana, onde a sombra do sistema de espólios começou a recuar diante do nascente ideal do serviço civil baseado no mérito, um legado que continua a ressoar.
Perguntas Frequentes (FAQs) sobre Chester A. Arthur
- Quem foi Chester A. Arthur?
- Chester Alan Arthur foi um advogado e político americano que serviu como o 21º Presidente dos Estados Unidos de 1881 a 1885. Ele era conhecido por sua ascendência política na máquina republicana de Nova York e por sua surpreendente virada para a reforma do serviço civil durante sua presidência.
- Como Chester A. Arthur se tornou presidente?
- Arthur assumiu a presidência após a trágica morte do Presidente James A. Garfield, que havia sido baleado por um assassino em julho de 1881 e faleceu em setembro do mesmo ano. Arthur era o Vice-Presidente de Garfield na época, uma indicação para equilibrar a chapa republicana de 1880.
- Qual foi o principal feito de sua presidência?
- O principal feito de sua presidência foi a promulgação e aplicação da Lei de Reforma do Serviço Civil de Pendleton de 1883. Esta lei histórica substituiu o sistema de patronagem por um sistema de mérito para muitos cargos federais, exigindo exames competitivos e estabelecendo uma comissão de serviço civil, marcando um ponto de virada na administração pública americana.
- Qual foi sua postura em relação à Lei de Exclusão Chinesa de 1882?
- Inicialmente, Arthur vetou a primeira versão da Lei de Exclusão Chinesa, que proibia a imigração chinesa por vinte anos, argumentando que ela violava o Tratado de Burlingame. No entanto, sob pressão, ele acabou assinando uma segunda versão que impunha uma proibição de dez anos, refletindo as complexidades políticas e o sentimento anti-imigração da época.
- Como sua presidência é vista pelos historiadores hoje?
- Embora tenha recebido elogios de contemporâneos por seu desempenho sólido e digno, os historiadores modernos geralmente classificam Chester A. Arthur como um presidente medíocre e um dos menos memoráveis da história dos EUA. No entanto, o impacto de sua liderança na reforma do serviço civil é inegável e duradouro.
- O que era a facção "Stalwart" do Partido Republicano?
- A facção "Stalwart" era um grupo conservador dentro do Partido Republicano no final do século XIX, liderado por Roscoe Conkling. Eles eram defensores ferrenhos do sistema de patronagem política (o "sistema de espólios"), que recompensava os apoiadores do partido com cargos públicos, em oposição aos "Half-Breeds" que apoiavam a reforma do serviço civil.

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