John Mill, teólogo e autor inglês (n. 1645)
John Mill (c. 1645 – 23 de junho de 1707) foi um proeminente teólogo e acadêmico inglês cuja dedicação à erudição bíblica deixou uma marca indelével na compreensão e estudo do Novo Testamento. Nascido por volta de 1645, Mill dedicou grande parte de sua vida a um trabalho meticuloso que culminaria em uma das mais significativas edições críticas do Novo Testamento grego de sua época, um empreendimento que revelaria a complexidade e a riqueza da tradição textual cristã.
O Legado de John Mill: Uma Contribuição Monumental à Crítica Textual
A obra pela qual John Mill é mais amplamente conhecido é sua edição crítica do Novo Testamento grego, publicada postumamente em 1707, coincidentemente no mesmo ano de sua morte. Este trabalho, intitulado formalmente como Novum Testamentum Graecum, cum lectionibus variantibus MSS. exemplarium, versionum, editionum SS. Patrum, et in easdem notis, representou um feito colossal de erudição e um avanço crucial para o campo da crítica textual.
A Edição Crítica do Novo Testamento Grego e as Leituras Variantes
Após cerca de trinta anos de árduo trabalho, Mill compilou uma edição do Novo Testamento grego que se destacou por sua exaustiva apresentação de dados textuais. Ele não apenas reproduziu um texto grego padrão, mas, mais importante, incluiu notas detalhadas sobre mais de trinta mil leituras variantes. Essas variantes foram coletadas a partir de uma vasta gama de fontes, incluindo:
- Numerosos manuscritos gregos do Novo Testamento, que na época estavam espalhados por diversas bibliotecas europeias.
- Antigas versões latinas, siríacas e outras traduções que podiam oferecer insights sobre o texto grego original.
- Citações do Novo Testamento encontradas nos escritos dos Padres da Igreja, que por vezes preservavam leituras mais antigas.
- Edições impressas anteriores, comparando-as e documentando suas diferenças.
Antes da publicação de Mill, a edição grega dominante era amplamente baseada no Textus Receptus, que, embora importante, tinha uma base textual relativamente limitada e era descendente de um número menor de manuscritos posteriores. A revelação de dezenas de milhares de variantes por Mill foi, para muitos contemporâneos, um choque e gerou considerável debate. No entanto, é crucial entender o significado dessas variantes: a grande maioria delas são de natureza trivial – diferenças de ortografia, ordem de palavras, pequenas adições ou omissões que raramente, se alguma vez, alteram o sentido teológico fundamental do texto. O verdadeiro valor do trabalho de Mill foi demonstrar a riqueza do testemunho textual e a tenacidade da tradição de cópia, ao invés de minar a confiabilidade do Novo Testamento.
Contexto Histórico e Repercussão
A era de John Mill foi um período de grande efervescência intelectual na Europa, com o surgimento do empirismo e um crescente interesse na crítica textual e histórica em diversas áreas do conhecimento. Mill, que estudou em Queen's College, Oxford, onde mais tarde se tornou membro e principal de St Edmund Hall, estava no centro desse ambiente acadêmico. Seu trabalho, embora uma maravilha de diligência, não foi isento de controvérsias. Alguns contemporâneos, como o teólogo Daniel Whitby, expressaram preocupações de que a vasta quantidade de variantes poderia enfraquecer a fé e a autoridade das escrituras, sugerindo que se o texto pudesse ter tantas variações, sua inspiração divina seria questionável. Contudo, a abordagem de Mill foi fundamentalmente científica e acadêmica, buscando apresentar os dados disponíveis para que outros estudiosos pudessem avaliá-los e, em última análise, aprofundar a compreensão do texto bíblico.
Influência Duradoura e Legado
Apesar das críticas iniciais e dos debates que sua obra provocou, o Novum Testamentum Graecum de John Mill estabeleceu um novo e elevado padrão para a crítica textual do Novo Testamento. Ele pavimentou o caminho para gerações futuras de estudiosos, incluindo figuras proeminentes como Johann Albrecht Bengel e J.J. Griesbach, que continuaram a refinar e desenvolver metodologias para a reconstrução do texto grego original. O trabalho de Mill é um testemunho notável da diligência acadêmica, do compromisso com a verdade textual e da busca incansável para compreender as raízes textuais de um dos livros mais influentes e estudados da história humana.
Perguntas Frequentes (FAQs) sobre John Mill
- Quem foi John Mill?
- John Mill foi um proeminente teólogo e acadêmico inglês, nascido por volta de 1645 e falecido em 23 de junho de 1707. Ele é mais conhecido por sua monumental edição crítica do Novo Testamento grego.
- Qual é a principal contribuição de John Mill para a erudição bíblica?
- Sua principal contribuição é a edição crítica do Novo Testamento grego, publicada em 1707, que incluía um aparato crítico detalhado com mais de trinta mil leituras variantes dos manuscritos.
- O que significa "leituras variantes" no contexto do trabalho de Mill?
- "Leituras variantes" refere-se às diferenças textuais encontradas entre os diversos manuscritos antigos, versões e citações dos Padres da Igreja do Novo Testamento grego. Mill as documentou em sua edição para que os estudiosos pudessem analisar as diferentes tradições textuais.
- Como o trabalho de Mill foi recebido em sua época?
- Sua obra foi recebida com admiração pela vasta erudição, mas também gerou controvérsia e preocupação entre alguns, que temiam que a revelação de tantas variantes pudesse minar a autoridade e a confiabilidade das Escrituras. No entanto, sua abordagem foi amplamente vista como um avanço científico.
- Qual é o legado duradouro da edição crítica de Mill?
- A edição de Mill estabeleceu um novo e rigoroso padrão para a crítica textual do Novo Testamento, servindo como uma base fundamental e um catalisador para as gerações subsequentes de estudiosos que continuaram a refinar a metodologia e a busca pelo texto grego original.